A nossa sociedade é bastante tolerante. Digo-o porque sempre trabalhei muito, antes de poder escrever. No trabalho, enquanto eu executava minhas tarefas eu não lia, mas nos intervalos de uma tarefa à outra eu lia e muito. E não esquecia o meu trabalho. De modo que no outro dia, lá estava eu pronto a fazer o meu trabalho de rotina. E nos fins de semana, com a carga de minhas leituras, eu escrevia os meus textos literários. Claro, cada qual dos escritores de minha geração faziam o seu próprio método de se tornarem escritores. Uns queriam aparecer logo cedo, ali pelos 18 anos de idade. E as premiações não podiam ser julgadas injustas. Simplesmente porque bastava o concorrente expor seus textos à banca do júri. E aí, não era nem o próprio autor que dizia que era pior ou melhor que outro escritor. Creio que já me fiz bastante claro no que quero dizer. Por exemplo, concorri eu a alguns prêmios que não ganhei. Na hora ficamos tristes, mas depois pensamos bem, meu texto estava lá, ombreando com o outro autor. E o júri não me conhecia nem conhecia o outro. Entaõ que nos conformemos. Porque nos resta a preferência do leitor, na hora em que ele entra na livraria e adquire um livro. Pode ser o nosso livro.