O Rei Lich
HaterDoMundo
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 22/05/16 13:01
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 4min a 5min
Apreciadores: 4
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Palavras: 662
Este texto foi escrito para o concurso "Rei do Mundo" No Concurso de Contos Oficial da Academia de Contos – Rei do Mundo, o autor terá chance de escrever e publicar um conto que narre alguma situação em que o sentimento de superioridade, de Rei do Mundo, se aflore e se prolifere. Ver mais sobre o concurso!
Não recomendado para menores de doze anos
Notas de Cabeçalho

É a primeira coisa que mando pra esse site. Espero que alguém leia ou sei lá.

Capítulo Único O Rei Lich

A coroa pesava em sua cabeça, como os gritos daqueles que já se foram. O vento e a brisa o cercavam como fogo, envolvendo todo o salão mal iluminado em que o trono e ele estavam.

Enfim havia conseguido. Enfim, o mundo o tinha como rei. E, enfim, não havia mais nada a se conquistar. Sua vida passara como uma mesma história mal escrita e repetitiva: Sangue, guerra, dinheiro e escudos quebrados sob sepulturas malfeitas.

Era fácil ver em seus olhos que não havia uma única lasca de alma em seu ser. Depois de tanta violência sem sentido, depois de tanto sangue derramado, depois de tanta luta por conquista, ele havia conseguido seu objetivo. Mas o que isso lhe traria?

Não conseguia recordar de nenhum sorriso verdadeiro. Esquecera até mesmo de seu primeiro beijo – se é que existiu -. Nunca amou ninguém e nem fora amado. Nunca nem mesmo se importou com os próprios sentimentos. Somente haviam domínios em sua mente. Talvez por isso tenha conseguido o que queria. Talvez esse seja o verdadeiro preço para se tronar aquilo que ele se tornou. Não ter nada além de ambição. Nem mesmo um nome.

-- Vazio! Ah! Quanto vazio tenho aqui! Quanto espaço para minhas coisas! – Gritava para o nada, de braços erguidos. – Um mundo inteiro e ninguém além de mim o controla! Ah! Como sou poderoso! Todos louvem a grandiosidade do rei deste mundo!

Enquanto seus lábios se ocupavam de palavras tão vazia quanto seu coração, o rei ergue-se do trono. Seus cabelos brancos segurando a coroa douro na cabeça. O mesmo caminha, escutando nada além de sua voz, o vento uivante e seus passos. Uma solidão que se negava a admitir ter.

-- Eu sou o rei de todos os reis. Não um homem pregado numa cruz de madeira podre! – Com um gesto de sua pesada mão, o rei atira um crucifixo da parede ao chão, pisando no mesmo logo em seguida. – Eu sou Deus!

Então suas gargalhadas ocuparam todo o castelo e além. Risos de uma mente perdida em algo pior que as trevas. As mesmas somente param quando os olhos vazios do homem contemplam um espelho numa das paredes de pedra lisa.

Seu rosto era branco como papel. Seus olhos fundos como o abismo. E seu corpo era frágil e velho, como o de um esqueleto. Ele se assemelhava a morte de quem tanto se fez regente. O desgosto de seu ser caminhou por sua garganta magra e ossuda e saiu na forma de um nome:

-- Lich. – Sorriu com suas próprias ideias abissais - Assim serei chamado! Assim o mundo me verá! Assim escreverão no solo, com o sangue dos mais fracos!

Então a alma que já estava perdida se aprofundou ainda mais no próprio inferno. O mal tomou tudo de si. Sua aparência, memórias, sanidade e, agora, até mesmo seu amado objetivo. Passou de conquistar tudo, para transformar tudo em pó. Matar o mundo que era dono. Fazer com que todos sintam o que ele sente em relação ao que se tornou. Medo.

Então suas mãos ossudas encontraram as maçanetas do portão castelo, e ele o abriu como se tirasse o elmo de mais um homem derrotado.

Quando as portas gigantes se abriram, tudo o que se via à frente eram covas, mal cavadas e com escudos quebrados as enfeitando.

-- Todo o mundo será como meu jardim da vitória! Pois eu sou seu rei! Eu ordeno que todos morram! Eu ordeno que o mundo acabe! Eu ordeno que...

Não conseguiu terminar suas palavras, quando uma flecha lhe atingira o peito, e um rosto surgiu de trás de uma sepultura abandonada. Era uma criança. Uma criança tirara sua vida. Um pobre que vira os amados morrerem pelas mãos de Lich. Era o fim, e isso levou ao começo. Um grito de ódio somente comparado ao de quando nasceu foi expelido. Suas últimas palavras, assim como seu nome real, seriam esquecidas e levadas pelo vento.

-- Agora é a sua vez de chegar onde cheguei...

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