tanto brilho refletindo a frente crua
tantos babados, perucas, trejeitos, penteados!
estou feliz agora que este traje que me era util na corte do rei
me é propicio agora apenas esse de pastore camponês
nesse pedaço de terra de ninguém
como eu sempre dizia;
como eu queria, daqueles dias a magia
de correr, livre pelos campos
o cheiro na terra do gado,
seus pirilampos
a grama verde, o orvalho jamais abnegaria
aquele azul do céu de alegria
ah, quanta saudade!
na cacunda do meu pai era carregado
de manhã cedo a ver o bando
o pelo macio e escuro
o feno e o perfume da grama que surgia
o ruminar engraçado e rude
felizmente, hoje voltei, Evira!
vivo, livre e campo
total desencanto aquela vida me trazia
eu pensei que por um momento poderia
viver entre aquela beleza
mas ao cair a noitinha
não posso dormir
as pinturas me olham medonhas
e se não ouço o coaxar dos sapos na lama
— oh, locus amoenus —
logo me atiço
fugere urbam! — me escuto
enquanto ainda tenho tempo!
e aqui agora te cantando esses versos
faço meu poema sem rima
minha rima sem métrica
minha métrica sem lógica
— inutilia truncat! —
pois o que me importa mesmo
é aproveitar o dia.