Eu e ele sempre iamos para o mesmo canto do lado de fora do edificio. O tempo era curto, eu me sentia aventureira quando iamos como dois pombinhos para o lado de fora.
_ Como foi seu dia, querida? _ ele se aproximava manso, tocava meus cabelos com calma, o que me fazia derreter.
_ Calmo como sempre, e o teu?_ me deixei suspirar, ao encarar seu sorriso leve.
Eu não sabia que era capaz de suspirar como em contos de fadas, até conhece-lo.
Na verdade, sinto que foi hoje, em uma noite como essa, que descobri que era ele.
Ele me contou seu dia, foi como ontem, mas ainda sim tinha um toque de novidade. Ele fazia tudo que era chato se tornar legal, uma pena ele não saber tanto disso, não saber tudo que há de bom nele como eu o sei.
Eu adoraria falar com ele por horas, mas olhar para aqueles labios me dava outras ideias, não tão castas quanto uma conversa.
Deslizei as minhas mãos geladas por aquele rosto quente. Ele era como o sol, que independente do clima, era quente.
Sentia algo diferente, o beijei, era para ser um selinho rapido, mas eu queria mais, era estranho pois nunca havia sentido tal coisa.
Uma voz gritou em minha mente: É ele, o homem que abalará tuas estruturas.
Quando senti suas mãos me prendendo contra a parede fria de ladrilhos, tremi.
Não pela sua força, pelos seus suspiros baixos, ou pelo cheiro de perfume que me fazia sorrir toda vez que o sentia.
Não, era por que eu senti, senti que desde o primeiro momento que encarei aqueles olhos e sorriso, era ele quem me faria ficar sem chão.
_ Eu queria que tivessemos mais tempo _ murmurei, acariciando sua nuca com a ponta das unhas.
_ Eu sinto que vamos ter todo o tempo do mundo, é você, é você quem eu quero _ ele confessou.
Senti um temor, e outro tremor, que trouxe a tira-colo um calor que me abraçava e sufocava.
Eu o amava.
Era ele, eu sabia.
Quando toquei seus dedos pela primeira vez, em um esbarrar, senti meu coração acelerar, e quando o beijei pela bochecha antes de ir para casa, eu sentia algo diferente.
Eu sabia que poderia ser o fulgor da primeira paixão, mas não era.
Por que nenhuma das minhas paixonites chegou sequer perto disso. Do meu amor e desejo por ele, que estava aqui e agora comigo.
E quando notei, eu estava o encarando muda, enquanto todos esses pensamentos vagavam.
_ Você acha que eu sou o bastante para viver uma vida com você? _ perguntei ainda em transe, mecanicamente.
_ Eu tenho certeza.
Nos abraçamos, e como sempre, me senti em casa.
O tremor que se espalhou, ficou apenas nas mãos, que ele segurou depois.
_ Você está com frio? _ ele as aquecia com carinho.
_ Acho que meu corpo está se acostumando _ sorri, sem jeito _ Vai demorar até eu aceitar que você é o homem da minha vida.
Ele riu, me ergueu em seus braços e desceu, havia dado nosso horario de ir, cada um a seus afazeres.
Mas eu iria esperando encontra-lo
Sempre queria encontrar o homem que abalava meu coração.