Meu doce amor, essa é mais uma carta que escrevo a ti. Espero que ela chegue em segurança até suas mãos.
Fiquei tanto tempo submerso na solidão sentindo as minhas lágrimas cobrirem meus gritos de socorro; Sendo incapaz de imaginar que algum dia surgiria um clarão, uma luz nesse oceano de escuridão.
Meus olhos demoraram para se adaptar ao seu brilho.
Você veio me salvar? Ou a sua presença ampliará essa dor?
Seus olhos e seu sorriso trazem o calor que eu preciso para suportar o frio que a solidão deixou em meu ser.
Peço perdão, posso ser um pouco rude às vezes, mas você surgiu de maneira tão repentina que pode demorar para eu me acostumar com essa rotina de gentileza.
Quero poder te abraçar, te tocar... Mas há uma parede de diamante entre nós permitindo apenas que nos vejamos, tornando impossível que nos toquemos. Tornado os nossos possíveis beijos algo abominável. Afinal, o amor porém, é contagioso, com especialidade na solidão.
Vejo em seus belos olhos castanhos que compartilhamos a mesma dor, o mesmo frio, as mesmas decepções, o mesmo desejo ardente.
Coloque a palma da sua mão nessa parede e eu também colocarei a minha. Podemos fingir sentir a pele um do outro, mas eu sei, e você também sabe, que não podemos gritar para o mundo o que sentimos.
Doce fel consumimos;
Doce dor sentimos;
Pena de chumbo;
Fogo gelado;
Sonho acordado.
Nosso amor passará o resto da vida sendo um pálido reflexo da luz alheia. É essa a nossa sina; A sina de pessoas como nós.
Assinei com lágrimas cada verso que lhe dei como se fossem confetes de um carnaval que não brinquei.
Para sempre seu, Luciano.