Exaltamos a ti ó Morte
Eu sou
O relógio
O ponteiro
O desafiador
Andei para trás
A morte não para de me procurar
E pelo tempo vou
Acima da linha
Onde o tempo não existe
Vejo tudo
A morte não alcança
Não aqui
Mas que viverei?
Não envelheço
Não existo
Sem lembranças
Quem sente falta
De quem não existe
Eu desejo
Não existir
Deixe-me viver
E não sumir
Das vidas
Que tive
Já enxerguei meus amores
Envelhecerem
Morrerem
Como valorizamos
A morte
Ela é tão forte
Poderosa
Imbatível
E os humanos
A celebram
Mais que a vida
Humanos mortos
Tem mais bondade
Que os vivos
Enquanto vivos
São ruins e cruéis
Vivemos como imortais
Até lembrarmos
Que não somos nem imbatíveis
Com o tão escasso tempo
Que tem
Diversas ideias
De viver
Até descobrir
Que não viveu
Em toda bebida
Uma gota de álcool
A procura
De algo a mais
E uma gota a menos de vida
O tempo destrói
É uma arma
Mirando
Em todos
Destruindo tudo
Mais rápido
Que se pode construir
O tempo corre
E logo acerta-te
Como vai dizer que viveu?
Diante a morte?
Os outros irão dizer
Por ti
E o que estes dirão?
Serás lembrado por bondade?
Ou ganharás ao morrer?
E quando encarar
A perca?
O tempo
Arma cruel
Virará todos teus sentimentos
Contra ti
Teu amor
Será dor
E teu ódio pesar
De que adiantou
Tais sentimentos?
Perguntas que mesmo
Com respostas
Não aliviará
Quem te lembrarás?
Ao se ir embora?
Que legado
Deixarás?
Encheu-te de cigarros
Tragando a morte
Em convites contínuos
Exaltamos a ti ó morte
E sua arma mais eficiente
Ó tempo cruel
Nunca amigo
Não terás a pessoa para perdoar
Ou ela para pedir perdão
Não conseguirás dizer que ama
Que amou
Nem se libertará
Ó morte
A ti exaltamos
Ao dar tudo
A ti
A ti depositamos
Ao levar a vida
De alguém
Ao cercados de desconhecidos
Ninguém lembrará
Afinal eras um rosto em multidão
Quando viverás?
O tempo de exaltar a vida...
Sempre o fazem
Quando não há mais
Não exaltam a vida
Exaltam a morte
O imortal