Houve uma vez um homem mortal que, em sua ignorância, quis ser como os anjos do céu.
Fez para si asas, usando cera e pena das aves que capturara. Penas belas, coloridas ou monocolores.
As vezes se remoia pelas aves que matara. Mas para ser um anjo, um preço pequeno.
Alçou asas e planou até os limites de seu corpo. Mas o escaldante calor da região fez a cera derreter e o vento, impetuoso, levou as penas.
E em sua queda lembrou-se da única mulher que amara. Ao cair no chão, foi preso por sua ousadia.
Mas sorria. Era um anjo. Sem asas e acorrentado.