Vidente Condenada
Sabrina Ternura
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 01/08/20 16:38
Editado: 01/08/20 16:53
Avaliação: 9.69
Tempo de Leitura: 6min a 8min
Apreciadores: 15
Comentários: 12
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Palavras: 992
Este texto foi escrito para o concurso "2ª Edição - Concurso de Contos – Profecia " A ideia do concurso, como sua primeira edição, é a produção de contos que, dessa vez, tenham o tema da profetização. Então, digo: “Vamos prever o futuro e toda a consequência desse ato!” Ver mais sobre o concurso!
Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único Vidente Condenada

Salem, 25 de Janeiro de 1692.

A mulher diante de mim olhava-me ansiosamente, enquanto eu encarava de maneira focada a palma de sua mão. Se a euforia dos homens alcoolizados no bar não fosse tão grande, ela ouviria meu salto batendo contra a madeira do assoalho desinteressadamente. Passo um dos dedos na palma da mão de minha cliente, explorando as linhas em busca de algo que não faço ideia do que seja. Os anos de prática fizeram-me desenvolver um ótimo senso de interpretação, por isso, quando fechei os olhos e respirei fundo, como se alguma energia divina houvesse caído sobre mim, ouvi um suspiro de horror escapar da boca da mulher. Abri os olhos e dramaticamente soltei a mão de Martha, que empalideceu diante do meu olhar obscuro de quem não traz boas notícias.

Juntei as mãos em frente ao corpo, balancei a cabeça negativamente e disse sem hesitação:

— Você vai morrer.

A mulher branca que já estava pálida ficou a um ponto de tornar-se transparente, pois tamanha foi a sua surpresa. Contive a vontade de rir respirando fundo e me concentrando apenas no dinheiro que ela teria. Martha sussurrou chorosamente:

— Quando?

Nem mesmo se Jesus fosse até aquele lugar sórdido eu saberia a resposta, mas contive o grosseiro comentário para mim. De repente, o bar ficou silencioso e paralisado. Meu corpo se petrificou e senti meus olhos abruptamente virarem, enquanto uma voz distorcida sussurrava em meu ouvido as palavras que saíram de minha boca sem consentimento:

— 22 de Setembro de 1692.

A sensação de torpor subitamente desapareceu e tudo ao redor ganhou vida mais uma vez. Senti um sutil gosto de sangue em minha boca e, quando meus dedos tocaram a superfície da pele, notei um intenso sangramento em meu nariz. A mulher abruptamente se levantou e, jogando um pequeno saco com moedas na mesa, fez o sinal da cruz em minha direção e saiu correndo do bar.

Já se passava das três da madrugada, então ninguém se interessou pela saída dramática de Martha Corey. Além disso, o canto isolado do bar proporcionava privacidade. Senti meus músculos relaxarem e, quando o sangramento parou, recolhi minha pequena bolsa e me dirigi à saída dos fundos, ainda sem entender o que havia acabado de acontecer.

Salem, 26 de Janeiro de 1692.

Após o acontecimento da noite anterior, não consegui dormir. Eram novamente três da madrugada e eu estava encolhida em uma manta em frente a lareira, tremendo compulsivamente. Os ventos da nevasca faziam sons estrondosos nas janelas, mas nada conseguia ser mais alto do que as batidas assustadas de meu coração. O corpo cansado gritava por descanso, enquanto meu cérebro e meu instinto não paravam de me dizer que eu corria um iminente perigo.

É verdade que minha vida nunca fora exemplo de honestidade, afinal sempre enganei meus clientes com falsas profecias sobre o futuro para ganhar dinheiro, mas nunca utilizei meios místicos para tal. Eu era conhecida em Salem por nunca ter errado, mas isso derivava do fato de que sempre me atentei nas fofocas e no estado de saúde das pessoas que me procuravam. Se alguém vinha me procurar para saber se uma criança com seis dias de febre sobreviveria ou não, é óbvio que minha resposta não poderia ser nada além de não. Se tratava de lógica e fatos, não de previsão e profecias. No entanto, o ocorrido da noite anterior fora maligno e tudo o que se sucedeu depois daquilo, também. Três corvos haviam quebrado o pescoço aos arredores da casa e eu não precisava ser bruxa para saber que isso significava mau agouro.

De repente meu corpo ficou muito pesado e sinto o sangramento em meu nariz novamente. Minha visão torna-se turva e tudo fica branco. Sinto uma sutil proximidade em meu ouvido e, por mais que o controle houvesse se esvaído de meu corpo, foi impossível não sentir todos os meus pelos eriçarem-se quando a voz cantarolou:

19 julgados serão enforcados

Por flertar com o Diabo.

Mulheres inocentes nadarão no fogo,

Enquanto homens demoníacos as fazem queimar.

O Diabo não corromperá os homens que são seus amigos,

Mas, sim, as mulheres de corpos frágeis.

Intrigas se tornarão chacinas.

A Igreja levará tudo a cinzas.

Sangue derramado e corpos queimados.

Salem se tornará o novo antro do Diabo.

Meus olhos se abrem, assustados, mas percebo que meu corpo, antes no chão, passava a levitar, pois tamanha era a proximidade com o telhado. Antes que eu pudesse gritar, meu corpo é arremessado de volta ao chão. Caio com os braços abertos e sem ar pelo impacto, mas sinto um súbito calor na mão. Olho para o lado. Minha mão direita está no meio das chamas… sem queimar.

Neste momento, soube que eu estava predestinada a morrer, mas restava saber se seria pelo fogo ou pela queda.

O quando não era necessário. Afinal, todas as profecias se cumprem em algum momento.

Salem, 10 de Junho de 1692.

— Por haver praticado bruxaria e tentado prever o futuro, considera-se Bridget Bishop culpada.

Os gritos eufóricos atrás de mim concretizavam a vitória do puritanismo que justificava justiça com chacina. Após o acontecimento em minha cabana, naquela fadada noite de Janeiro, Salem tornou-se um inferno. Uma caça às bruxas começou e eu fui condenada à morte por enforcamento, pois meus clientes relataram ao júri sobre minhas práticas de leitura de mãos.

Então a morte será por queda, pensei, enquanto dois homens levavam-me ao local de meu perecimento.

Quando a corda foi colocada ao redor de meu pescoço, meu corpo foi tomado por uma fúria descontrolada, quando ouvi todos gritarem:

— Enforquem a bruxa!

Antes que eu pudesse responder, meu corpo foi empurrado do segundo degrau e meus pés se debateram raivosamente, enquanto o ar começava a se esvair.

A queda não fora grande o suficiente para me matar com rapidez, mas a ignorância humana, sim.

Após três minutos agonizando, minha alma foi liberta do sofrimento, enquanto as sombras me levavam carinhosamente para a eterna condenação.

❖❖❖
Notas de Rodapé

1. Bridget Bishop foi a primeira pessoa a ser julgada e condenada por bruxaria nos julgamentos em Salem em 10 de Junho de 1692. O contexto do texto é exclusivamente fictício.

2. Martha Corey foi acusada e condenada por bruxaria durante os julgamentos de Salem em 9 de Setembro de 1692, e foi enforcada em 22 de Setembro de 1692.

Apreciadores (15)
Comentários (12)
Comentário Favorito
Postado 02/08/20 21:52

Daí você vê a notificação de texto da Brina das T's e já sabe que coisa boa definitivamente vem por aí. O nome e a capa já dizem que não é texto da Academia do Carinho (eu ouvi vários gritando amém) e quando eu vi os gêneros, bingo!!! Vamos ter uma obra sombria, senhoras e senhores.

Só a sinopse já me deixou feliz além da conta, o nome de Bridget Bishop fez meus olhos brilharem. Bruxa! Bruxas! Salem. Como poderia ficar mais maravilhoso que isso?

Martha, o primeiro nome já me fez pensar: "Não! Será? Será? OMG!! É!!" Que gênial Brina! Quase gritei aqui (mas isso assustaria os cachorros, então eu só gritei internamente. Acho que vale, né?)

Mas tudo que é bom pode melhorar ainda mais e você melhorou falando sobre a questão do gênero. Eu vibrei aqui, Brina. Salem tem um leque enorme de fatos e o que sempre está presente é esse. São sempre as mulheres, sempre vão ser as mulheres. O machismo não pode deixar de existir, principalmente em meio a uma profecia, não é mesmo? e_e

Sério, eu estou muito feliz por você ter se animada para escrever para o concurso! Que obra! Que magnifica obra não carinhosa (sim, eu preciso enfatizar isso por motivos que você sabe e se não sabe, pelo menos tem uma vaga ideia u-u)

Boa sorte, primei-, digo, Brina!

Parabéns!!

Postado 03/08/20 18:51

Nem sei por onde começar agradecendo por essas palavras maravilhosas e gentis. Fico muito contente que as referências tenham te agradado, assim como as personagens.

Achei interessante manter a questão do preconceito de gênero, pois, como disse em outro comentário, ele era gritante naquela época. Ele não escolhe hora e nem lugar para se fazer presente.

Muito obrigada mesmo por suas palavras, Flavinha ♥

Postado 01/08/20 17:15

Achei interessantíssimo o texto. Bastante realista e com um embasamento histórico que o torna bastante coerente o tema .. as sensações transmitidas também.

Postado 02/08/20 15:28

Fico feliz!

Obrigada ♥

Postado 01/08/20 20:01

Fortíssimo, incrível como sempre, com embasamento, com força em cada linha

Bravo!

Postado 02/08/20 15:28

aaaa, muito obrigada ♥

Postado 01/08/20 21:25

Que incrível, me senti hipnotizada com essa leitura! Principalmente no momento em que a profecia foi proferida! A profecia ficou realmente incrível demais!! E triste, como na parte que diz que mulheres inocentes iriam nadar no fogo...

Adorei o modo como você usou o fato histórico para a sua história!!! Você deu um show, como sempre!! <3

Um grande abraço da senhorita Meiling para a senhorita Ternura!!!

Postado 02/08/20 15:35 Editado 02/08/20 15:36

Quando eu li a respeito de Salem para escrever esse texto, me deparei com muitos historiadores dizendo sobre como a questão do gênero foi um solavanco para que os homens justificassem a quantidade absurda de mulheres levadas a julgamento. Basicamente as mulheres são mais frágeis, o que as torna mais suscetíveis a cair em pecado. Balela machista da época, mas achei interessante inserir principalmente na parte da profecia, tendo em vista que fala indiretamente sobre o terrível pensamento da época e o que muitas vezes justificou os acontecimentos em Salem.

Muito obrigada, senhorita Meiling! Sempre adorável ler seus comentários ♥

Postado 02/08/20 20:28

Amei! MEU DEUS COMO AMEI!

Os diálogos, as linhas, tudo! Tudo tão intenso e forte, com pitadas de algo que eu chamaria de perfeição.

E me senti representada, já que sou budista e leio tarô, sinto q teria o mesmo fim, tudo por conta da ignorância e por conta do preconceito humano naquela época.

Ainda luto, mas sei que um dia o homem há de olhar para pessoas como eu e enxergar mais do que uma louca pagã, enxergarão apenas uma humana que paga suas contas.

Muito obrigada por essa obra!

Namastê!

Postado 02/08/20 21:48 Editado 02/08/20 21:49

Não consigo colocar em palavras o quanto esse comentário foi significativo para mim. Eu leio tarô, faço minhas poções, planto as minhas ervas e se fizesse tudo isso naquela época, definitivamente teria o mesmo destino que a protagonista do meu texto. A ignorância humana mata mais do que violência.

O que me move é saber que o bem que faço ao próximo é real e que existem pessoas como eu e você, que constantemente lutam por um mundo sem preconceito religioso.

Obrigada por esse comentário, senhorita Girassol! ♥

Postado 04/08/20 01:50

Eu juro por Satã que minha primeira reação ao texto ainda no início foi expelir um sonoroso e entusiasmado "Caralho!" de minha boca escancarada. Mas, conforme a leitura prosseguia, um sorriso medonho de fascínio e orgulho se projetou em minha fuça feia e só fez aumentar ao término da obra, pois não há como não se comprazer com tamanho esmero em N aspectos desta obra, que com certeza absoluta já nasceu prima!

Compartilho de todos os elogios e parabenizações feitas pelos leitores acerca desta obra estupenda e tão inspirada quanto inspiradora! Que trabalho invejável e digno de aplausos, Srta Tortura! Bravo! Bravíssimo! Meus mais sinceros e intensos parabéns!

Atenciosamente,

Um ser velho que profetiza sua vitória diabólica neste concurso, Diablair.

Postado 04/08/20 20:40

Ah, Diab! É uma honra ter um comentário seu!

Muito, muito e muito obrigada por essas palavras e pela fé em mim. Não sei se ganho o concurso, há tantas obras maravilhosas participando, mas meu coração se alegra em saber que está torcendo por mim.

Obrigada, mil vezes ♥

Postado 08/08/20 12:00

O seu texto trata muito bem da história de verdade, eu achei tão legal isso, pq é muito bom pegar acontecimentos verdadeiros e transformar com a nossa visão, te parabenizo muito por sua competência e escrita tão bonita *_*

Postado 08/08/20 22:14

Não basta ser a dona desse antro, ela ainda tem que fazer um texto excelente com direito a uma breve - porém completa - aula de história. E que história, meus senhores. Eu tô arrepiada até agora com a intensidade das palavras e conhecimentos que adquiri.

Uma das qualidades que mais admiro em você como escritora é a veracidade e a constante busca em aprender um tema ou fato histórico. Muitos apenas buscariam algo já do próprio conhecimento, todavia, você está em constante aprendizado e, consequentemente, transmitindo-os a nós, leitores.

Quando você escreve, é de corpo, alma e coração; e o resultado não poderia ser diferente: uma obra redigida de maneira perfeita, com detalhes significativos e passagens pra lá de esclarecedores. Uma perfeita combinação de história com crítica.

De fato eu não conhecia a história de Salem, e após ler o seu texto me senti instigada a procurar - brevemente - a respeito. E menina, eu amei a maneira como você recontou os momentos. O interessante é que dá para se tirar algumas "morais".

Uma delas é como a mentira pode afetar a nossa vida, e o texto demonstra duas formas:

- Na famosa frase "quem procura, acha". Oras, Bridget era esperta, calculista e intuitiva, prestava atenção nos pormenores e tirava proveito disso, mas não havia contato com o "outro lado"... Até aquele momento, não?

- Apesar do breve e misterioso contato com algo do outro lado, nossa Bridget era inocente. Porém em uma época que o desconhecido e diferente não era bem visto, a mentira pode tornar-se o caminho para perdição, e em seu caso, na morte.

Ao mesmo tempo que há uma tremenda crítica por trás: o preconceito, o feminicídio, a ignorância. Tudo isso - e muito mais - caracterizado e eternizado em seu texto.

Não tenho palavras para definir o quanto amei esse texto. Só agradecer pelo seu esforço (em buscar conhecer a história), dedicação (em escrever sobre, mantendo os principais fatos verídicos) e amor.

Parabéns amore mio ♡

Postado 10/08/20 19:16

Eu queria muito ter detalhado melhor esse texto, mas, infelizmente, o limite de palavras do concurso não me permitiu... Em alguns momentos eu sei que era preciso mais desenvolvimento, mas não foi possível mesmo.

Fico muito contente que essa leitura tenha sido repleta de conhecimento e coisas boas para você. Essa obra foi uma das mais trabalhosas, por conta da enorme pesquisa que fiz para escrevê-la, mas valeu super a pena e este comentário, por si só, foi muito gratificante para mim!

Obrigada, Pãozinho ♥

Postado 14/08/20 20:20 Editado 14/08/20 20:21

A sinopse apresenta muito bem a situação da protagonista, como quem ela é dando um nome e momento em específico para no fim induzir a curiosidade do leitor perante a obra! Muito Bom!

Sua obra apresenta tantos fatos históricos e críticas ao que deveria já estar no passado: preconceito de gênero. Suas referências começam no primeiro parágrafo e o acompanhar de um “diário” deixa o leitor ainda mais interessado, pois traz a ideia de uma íntima liberdade da narradora que, inocente das acusações, vai contando sua história.

A criatura que profetiza os acontecimentos futuros não tem um rosto descrito e/ ou formato, mas por meio das tuas palavras o leitor pode dar ao mesmo um corpo com a própria imaginação e congelar ao ouvir o sussurrar da profecia ao pé do ouvido – por isso, não aconselho ler esse suspense sobrenatural nas caladas noites de inverno!

Eu adorei todo o seu trabalho e fico impressionada com a pesquisa que fez para criar esse conto, fez um ótimo trabalho e o resultado foi esplendido!

Sem mais a dizer agradeço por compartilhar sua obra (e pesquisa) e participar do concurso.

Visite a página do concurso mais tarde e veja o resultado.

Assinado uma pequena vampira, <3

Postado 15/08/20 01:34

Ah, Shizu! Fico muito feliz que minha obra tenha tantos pontos positivos e que ficaram palpáveis para o leitor. Todo trabalho de pesquisa valeu a pena!

Muito obrigada pelo comentário, pela presença e pelo concurso! ♥

Postado 14/08/20 22:01

É difícil comentar depois de tantos comentários incríveis, que descreveram tão bem e profundamente o que sinto, faço das palavras de todos, as minhas.

Você é esplêndida, Brina, em tudo que se propõe a escrever, uma grande inspiração. Me sinto uma bruxa constantemente perdida, caçada, não pelos outros, mas por mim mesma...

De alguma forma estranha, consegui me achar em suas linhas e agradeço pela inspiração, agradeço por ter compartilhado conosco! Você merecia o primeiríssimo lugar!

Você é uma deusa!

PARABÉNS AAAAA

Postado 15/08/20 01:37

Sua presença é sempre como um raio de Sol, 6.

Fico muito feliz que a obra tenha te inspirado! Meu coração se alegra demais.

Obrigada pelas palavras doces e sempre gentis. Você é o meu docinho fofo de amor. Obrigada, mil vezes ♥

Postado 16/08/20 17:50

Fantástico! Vi o filme da sua história...

Narrativa preciosa, impecável e com uma cadência fora de série que nos conduz da curiosidade ao espanto no cumprimento da profecia...

Uma grata e deliciosa viagem... Obrigada!

Postado 16/08/20 19:43

Ah, fico tão feliz que tenha capturado esses elementos no meu texto! E fico ainda mais encantada por ter proporcionado uma viagem por meio das palavras!

Obrigada pelo comentário e adorável presença, Monise ♥

Postado 26/10/20 16:30

Em busca do emblema perdido sduhashudahs, me cobra de ler depois!

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