Uma vida por sangue
Júlia Claro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 12/10/16 00:34
Editado: 12/10/16 00:36
Gênero(s): Sobrenatural
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 8min a 11min
Apreciadores: 5
Comentários: 1
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Palavras: 1366
Este texto foi escrito para o concurso "Concurso de Halloween" No Concurso Oficial de Halloween da Academia de Contos, apoiado pela DarkSide Books, convidamos os participantes a escreverem textos no estilo "creepypasta", ou seja, obras detalhadas de terror escritas com o objetivo de assustar os leitores e deixá-los se perguntando o que é real e o que é ficção na história. Ver mais sobre o concurso!
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Uma vida por sangue

Para uma criança que cresceu sempre tendo tudo o que queria, a rebeldia anos mais tarde era evidentemente clara. E para uma criança que tinha pais ricos, pedir tudo o que queria e ter os seus pedidos atendidos era realmente muito fácil. O problema era os anos mais tarde, quando o seu pai começou a negar os seus pedidos cada vez mais absurdos.

Aos 16 anos de idade Rodrick já era visto como um adolescente malcriado, sua mãe Valentina, não entendia o motivo de tanta malcriação. Sempre dedicou amor e carinho ao seu filho. Já o pai, Estêvão, julgava tudo como culpa da mãe, achava que o mimava demais.

Quando Rodrick foi preso por atentado ao pudor, isso tudo logo após uma noite de bebedeira, seus pais chegaram a conclusão que tudo era culpa da companhias de Rodrick, como se os amigos de seu filho fossem o levar pro mau caminho. Mal sabiam eles que quem era o amigo perverso da história era o próprio Rodrick.

Já havia algum tempo que Estêvão pensava em se mudar da cidade em que morava, a mudança também seria bom para começar novos negócios e claro, mudar o filho. Sua reputação ali já não era uma das melhores. E isso era péssimo para continuar faturando com o negócio da família.

O negócio se baseava em exatamente construir e comprar propriedades. Logo após, coloca-las para alugar. Isso era praticamente a tradição. Então a família já tinha faturado uma boa fortuna assim.

Estêvão ficou sabendo que Cividale tinha planos para a construção de uma linda ponte. O lugar onde a ponte seria construída era bem localizado e perfeito. Imaginou o quanto aquela comuna iria crescer depois que a ponte estivesse pronta. Isso renderia bons lucros para ele. Então decidiu se mudar o mais rápido possível.

Quando a mudança ocorreu Rodrick estava com 20 anos de idade, a idade perfeita para aprender os negócios da família. Seu pai o ensinou tudo. O ensinou a crescer e a deixar a rebeldia de lado, o ensinou a ser um homem.

Durante anos, Rodrick, seguiu os passos de seu pai, fez tudo o que ele queria. Mas ele tinha saudades das noites em que sais para beber. Tinha saudades de ter amigos para curtir. Simplesmente saudades da sua vida antiga. Achava o seu pai um careta.

No seu aniversário de 27 anos, Rodrick decidiu conhecer a taverna de Cividale. O lugar era bem comentado e também mal comentado, depende do ponto de vista de cada residente. Aos que frequentava era óbvio que era o melhor lugar, ao restante era um lugar pecaminoso. Rodrick gostava de lugares assim, então resolveu "comemorar" seu aniversário lá.

Conheceu pessoas de que já se agradou logo de cara.

Entre uma conversa e outra, o assunto sobre a ponte surgiu a mesa:

"Aquela ponte idiota ficou pronta hoje." disse um dos homens.

"Meu pai só quis se mudar pra cá por causa dessa maldita ponte." disse Rodrick com ódio nos olhos.

"O mais ridículo é o nome." disse um jovem entrando na conversa.

"Ponte do diabo." disse um dos homens com ar de deboche.

"É um nome estranho para uma ponte." disse Rodrick pensativo.

O jovem deu uma risada irônica e disse:

"Como se o diabo fosse ajudar alguém a construir uma ponte tola. E depois pedir a alma do primeiro que atravessar."

"Então essa é a história?" disse Rodrick em tom sarcástico.

Eles voltaram a beber, como se aquele assunto nunca tivesse vindo à tona. Até Rodrick colocar o copo na mesa e dizer com um ar determinado:

"Eu vou atravessar a ponte."

Os outros riram daquela piada e ignorou aquelas palavras.

Então Rodrick se levantou, bebeu em um gole rápido o resto de sua bebida e foi para a porta da taverna e antes de sair disse com firmeza:

"Irei atravessar aquela maldita ponte."

Os outros riram mais uma vez e voltaram a beber o ignorando completamente.

Rodrick foi até a ponte riu daquilo e a atravessou. Quando chegou ao outro lado riu novamente daquilo tudo como um louco.

"Bando de imbecis, inventam histórias que nem causam emoção."

De repente surge um homem sombrio, vestido em trajes pretos. Seu ar era misterioso e o sorriso malicioso.

"Então é você que vai me dar a honra de possuir uma alma?"

"Boa piada." disse Rodrick revirando os olhos.

"Eu não brincaria comigo mocinho."

"Eu não brincaria comigo mocinho." Rodrick o imitou em deboche.

"Sua alma será minha Rodrick. Agora você vai viver para me servir."

Rodrick se assustou, como aquele homem poderia saber o seu nome?

"Eu sei tudo."

Aquele homem o respondeu como se lesse os pensamentos mais profundos de Rodrick.

"Você vai me servir por toda eternidade. Irá caçar por sangue. Amará por sangue. E o melhor de tudo: Vai matar por sangue."

"Eu não serei o seu assassino."

"Meu jovem, você não tem escolhas."

"Você não pode me obrigar."

"Sua alma já é minha, o que tem a perder?"

"Isso só pode ser uma piada."

Então o estranho homem chegou perto de Rodrick, dava para ver o medo nos olhos do jovem rapaz. O homem se aproximou de seus ouvidos e como uma brisa ardente as palavras que surgiram logo após era simplesmente inacreditável.

"Eu te dou a imortalidade. Minha criatura."

Depois de tais palavras, o homem sumiu como se nunca estivesse naquele lugar.

Pela madrugada Rodrick chegou em casa com uma sensação estranha. Uma sensação de fome, estava faminto.

Foi para a cozinha, pegou alguma coisa, mas a comida não o satisfazia, pelo contrário, lhe dava nojo. Aquela comida não o fazia bem. Subitamente lhe veio um grande desejo e não qualquer desejo. Era o desejo de sangue.

Subiu para o quarto de seus pai observou eles dormindo, mas em seus olhos havia um desejo imenso por sangue. Incontrolável.

Sem pensar duas vezes, cravou suas presas no pescoço de seu pai, mas parou no mesmo instante, não podia matar o seu próprio pai. Mas o seu desejo por sangue continuava, resolveu retirar um pouco de sangue de sua mãe, fez um imenso esforço para parar. O seu desejo, sua fome, era muito grande. Mas ele não podia negar, gostou daquilo. Gostou do sangue quente em seus lábios, gostou do sabor. Sentia prazer naquilo.

Estava feito, um monstro, criou outros dois. Apenas com duas gotas de seu sangue depositado na boca de seu pai e sua mãe.

Beber o sangue de seus pais fora fácil. Simplesmente porque eles tomavam remédios fortes para dormir. Mas Rodrick sabia que para mais sangue, não seria tão fácil assim. E ele tinha fome.

...

15 anos depois, Rodrick já estava habituado àquela vida. Só se arrependia às vezes de ter dado a vida eterna pro seus pais. Já que teria que ouvir as reclamações de seu pai durante vidas.

Toda vez que Rodrick sentia um imenso desejo por sangue, ele ia a caça. Já tinha se acostumado a se esbaldar no sangue das meretriz. Um sangue fácil, sem trabalho. Mas não era um sangue tão bom. Tinha gosto de pecado. Mas para acabar com o desejo bastava.

Até que em uma primavera, Rodrick conheceu Teresa. Uma jovem doce e ingênua. De longe podia notar que era uma moça de família e bem educada.

Isso atiçou os instintos de Rodrick, sabia que não poderia ter contato com a moça sem noivar com ela. Ele precisava experimentar aquele sangue puro e inocente. O sangue de uma virgem.

Estava decidido, casamento marcado. O acesso a família ficou evidentemente fácil. Até que um dia a jovem cedeu ao pedido de Rodrick e decidiu convida-lo para adentrar em seu quarto. Logo após, um olhando olho no olho do outro. O pedido foi feito de uma forma simples:

"Durma minha doce Teresa."

A jovem dormiu em instantes.

Uma semana depois, a jovem Teresa estava morta e Rodrick alimentado por completo.

Assim Rodrick descobriu sua paixão por sangue de uma virgem. Era muito mais divertido conquistar as suas presas, muito mais gostoso iludir elas com um pedido de casamento. E o sangue? Ah! O sangue de uma virgem era divinamente mais saboroso.

Então tornar uma virgem sua noiva e depois saciar a sua fome se tornou um hobby, gostoso e apetitoso.

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Apreciadores (5)
Comentários (1)
Postado 12/10/16 12:57

Muito bom!!!

Gostei bastante da história!!!!

Eu imaginei que a ponte teria um papel importante, só não imaginei que seria tão legal assim!

Me surpreendeu e me divertiu bastante!!

Parabéns pelo texto!

Um abraço! Meiling!