Tornou-se rubro o rosto
de vergonha,
ou desgosto
não sabe-se ao certo
embora sentira-se liberto
Ao exprimir suas primeiras metáforas ao papel
que mais tarde com olheiras
lhe tomariam as noites inteiras
só para se lamentar ao céu
À luz da lua ou de velas
visando sempre as obras belas
sintetizando a transcendência
falhando com incoerência
Pobre amador
quer ser poeta sem amar
sem abusar de experimentar
sem sentir dor ?
Não passa de um mero ator
de um sentimento de outrora
que junto à poesia fez-se as malas
e foi embora
E não é fácil de encontrá-la
mas uma vez que a achar
vais sentir o que é amar
e sentir o que é o ardor
lhe fará um bom orador
um poeta de menor escala
Das proporções de uma larva
reunindo uma parva
para sobreviver
até que um dia
a poesia
possa lhe manter
Ou talvez lhe acabar
pela incapacidade de continuar
e acabar em um casulo
de tonalidade fulo
só não se sabe se é um túmulo
ou uma chance de recomeçar.