“Você não entende, não entende!” - ela repetia - e eu, de fato, não entendia.
– O que você quer dizer com isso, moça? O seu banquinho continua ali, intacto. Qual o seu problema?
– Ah, esse é seu problema, menina. Você também não me entende! Ele foi embora! E destruiu meu banquinho preferido! Eu meditava lá, sabia?
– Mas o que há de errado com o banco? Posso te ajudar?
– Ninguém pode, menina!
Aquele era o meu banco, quando eu ficava triste, me sentava ali, de frente pr’aquela árvore e via aquele João-de-barro trabalhando incansavelmente… era terapia pra mim. Só que um dia, o conheci, nesse mesmo banco. E aí amei ainda mais o banco. Parecia que ele me dava sorte (o banco, claro). Anos e anos, moça… TINHA UMA VIDA NAQUELE BANCO!
Mas ele me deixou, moça. Nem se despediu… Aquele banco é meu castigo, tem fantasmas nele, acredite em mim! O João-de-barro me assusta. Até o vento é assustador, moça!
Então, não, você não pode me ajudar.
E, naquele dia, vi quanto o sentir doía…
A gente nunca sabe se é só um banco ou uma vida. Mas agora eu aprendi que “destruir” não é só físico.
Então comecei a questionar… “Sou eu também banquinho a me destroçar?”