Eu confundia nossa amizade com paixão, sua rispidez com carinho e minha admiração com insensatez. Eu confundia seus olhares com interesse e suas falas com melodias e seus toques eu imaginava que eram sinais. Eu acreditava que nossas conversas eram análogas e seus exemplos eram metáforas. Eu acreditava no subentendido e no pressuposto que você sabia das coisas - como duas garotas se amando.
Eu confundia o que você lia com o que você sabia, e com o que você queria. Eu confundia nossa amizade com paixão e eu não resisti quando você quebrou meu coração.
Eu queria saber o gosto dos seus lábios, eu queria sentir mais que seu abraço, eu queria conquistar o mundo ao seu lado e escrever a nossa história. Eu queria escrever sonetos sobre você, odes a seu respeito, canções que imortalizassem sua essência.
Você era meu amor ideal. Você era o proibido e o renegado e o transtornado e o doente e a irresistível combinação de beleza e imutabilidade. Era minha dama abstrata e a maçã do Éden, o fruto não permitido, o amor que nunca me foi dado.
Que ser hipócrita sou, pois, ao dizer que não fui amado! Sou amada a todo instante, ainda que nunca por quem eu quero.
Eu queria ser amada por você, ter seu sorriso para mim, ter suas lágrimas para mim; ser dona de seus pensamentos e do seu corpo e da sua mente e da sua sanidade. Eu queria que você me dominasse e que eu te empurrasse para a cama para que você lutasse e me deixasse entretida.
Eu queria quebrar seu orgulho. Eu queria fortalecer meu orgulho.
Eu queria não definhar por você enquanto você me despreza.
Eu queria te beijar.
Eu queria me jogar de um prédio; eu só queria te amar.
(E eu te amei mais do que podia aguentar.)