Azul
Lucia
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 05/07/16 17:35
Editado: 06/07/16 21:31
Gênero(s): Drama Romântico
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 15
Comentários: 6
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Palavras: 307
[Texto Divulgado] "Não Pare de Olhar" Uma mulher, isolada em seu apartamento, começa a acreditar que está sendo observada por alguém no prédio em frente. A paranóia começa a crescer levando o limite entre sanidade e loucura se tornar cada vez mais tênue.
Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único Azul

Afogada entre uma garrafa de cerveja. Nublada com as lágrimas e a lembrança que o cheiro do cigarro da mesa ao lado trazia. Lá estava eu novamente, perdida e confusa imaginando novamente um futuro quase surreal.

O lugar me lembrava de você, a textura da mesa me fazia lembrar quando estava sentado ali comigo, brincando com as rachaduras. Nossa mesa ainda era a mesma. O mesmo lugar, o mesmo acento que você ocupava, só que agora vazio. Tudo era a mesma coisa, exceto por você.

Pessoas passavam a todo o momento. Estavam comemorando algo; sofrendo por algo; vivendo por algo. E novamente eu estava ali, esperando. Revivendo algo... Revivendo você; revivendo a nós.

Seu cheiro ainda está gravado na minha memória como se você estivesse ali, bem na minha frente sorrindo e comentando animadamente sobre algo fútil enquanto tomava mais um gole da sua bebida e tragava seu cigarro.

Talvez você nunca tenha percebido, mas era principalmente nesses momentos em que mais prestava atenção em você. O jeito que sorria sempre foi o que mais me atraiu, era tão verdadeiro. Nunca consegui perceber nenhum desgosto quando você fazia isso, só a alegria que você exalava. Os olhos eram outra coisa que me agradavam demais. Eram azuis e, na forma mais clichê possível, da cor do oceano; da cor do céu.

Minha cor predileta.

Olhe só para mim agora: Quem repugnava o cigarro, consumindo um maço por dia; quem odiava cerveja, bebendo para reviver os momentos em que passei ao seu lado; quem não acreditava em ilusão, amando como se estivesse em uma. Nublada não só por lágrimas, mas consumida e ávida por só mais uma dose do seu amor ou de vodka, que me fazia sentir do mesmo jeito:

Completamente bêbada.

E lá estão eles novamente comemorando; vivendo. E cá estou eu mais uma vez esperando; revivendo.

❖❖❖
Apreciadores (15)
Comentários (6)
Postado 05/07/16 22:22

E cá estou mais uma vez sofrendo; me contorcendo. Agora que li, realmente completa o meu poeminha, mas a maneira como você escreveu foi muito mais elaborada e com mais sentimentos do que eu poderia imaginar. Quando li o título eu pensei que seria algo bem clichê, ou alguma coisa relacionada com cores... Bem, um pouquinho disso. Até porque azul seria uma das características marcantes dele. O azul do oceano, que de tão trapaceiro te faz imaginar ser feliz dentro dele, mas que em um piscar de olhos de afoga e te faz perder de si mesma.

Quando uma pessoa que é importante na nossa vida se vai, ainda mais se for em uma questão amorosa, não tem como não assimilar cada detalhe avulso com ela. O perfume que outrora sentiu, a cor dos olhos, a alegria pura transmitida... Não tem como não assimilar. Não tem como não nos encontrarmos aqui.

É quase palpável o sofrimento da nossa protagonista. Todavia, diferente do que estou acostumada dentro desse tema, não há rancor, mágoa, ou alguma negatividade perante o amado; apenas um querer forte e profundo. Uma ilusão. Uma espera que talvez jamais irá acabar.

E o que mais me doeu? O terceiro parágrafo. Nada mais verdadeiro, nada mais real, nada mais contestável. As pessoas ao redor realmente estão vivendo ou sofrendo por algo, é típico; as risadas, os choros, as lágrimas silenciosas, os suspiros... Detalhes esses que estão presentes para comprovar, enquanto a nossa protagonista se embriaga em uma dose de lembranças para reviver aquilo que um dia ela tinha; aquilo que um dia eles foram.

E o interessante? Tudo que ela repugnava faz parte agora do seu eu, numa frágil tentativa de manter acesso a presença daquele que causou um vazio em sua vida.

Ótimo texto, Lu! ♡

Postado 06/07/16 16:09

E cá estou eu, lembrando da Halsey e da música azul, de cabelos azuis de alguém que agora está tão longe mentalmente que não importa o quanto eu tente chmar atenção continua não me vendo, igual a senhorita que não importa o quanto digam de sua escrita ainda insiste em não postar essas histórias maravilhosas.

Foi tudo tão bonito. Especialmente quando a narradora admite que desenvolveu os hábitos primeiramente odiados da pessoa que amava, em uma tentativa de preservar a essência do amado junto a ela. A descrição dos sentimentos foram sublimes, ainda assim é possível perceber a intensidade de cada um deles.

Não importa o quão clichê pareça, nada importa quando se trata do amor. Os olhos azuis da cor do céu, os detalhes não são clichês, são apenas a demonstração do que um sente dentro de si, do desespero, do carinho, da negação a abandonar aquele pedaço vívido de lembrança. Foi lindo, Lucia :3

Postado 10/07/16 02:39

Quem nunca se deparou revivendo algo que só existe naquele momento (e talvez para o restante de sua vida) na sua abalada memória...? Raras são as pessoas que nunca perderam alguém que lhes fosse amada ou tão somente estimada.

E seu texto retrata isso muitíssimo bem, Srta Lucia. A riqueza de detalhes e toda a sensibilidade que inunda cada linha é um talho de navalha no coração de que lê, seja (como presumo que é) um texto que fala de amor perdido, seja sobre outra coisa (eu mesmo modestamente imaginei uma amizade interrompida tragicamente).

Não bastasse isso, a estrutura do texto é diferenciada de uma forma que só agregou ainda mais valor ao mesmo. E o modo como a senhorita se expressa, como canso de lhe dizer, é fascinante! Envolve-me de uma forma lenta, gradual e inexorável que ao término da leitura me deixa imaginando como a senhorita se supera texto após texto. É realmente prazeroso ler suas obras, Srta Lucia. E esta, como de praxe, não traiu minhas expectativas!

Gratíssimo e muitíssimo parabéns pela empreitada sublime, triste e (por conta disso mesmo), belíssima!

Atenciosamente,

Um ser de íris escuras, opacas e malignas, Diablair.

Postado 20/07/16 16:16

E eu finalmente vim comentar... Desculpa a demora!

Esse texto é tão tu. Acho que esse é o texto mais tu que tu já escreveu.

Gostaria de ressaltar que fui a primeira a ler! u___u (Ninguém ta nem aí pra iso, eu sei)

O que dizer? Eu amo o jeito como você escreve. É tudo tão detalhado e cheio de sentimentos que me faz realmente mergular - desculpa, não resisti ao oceano - no texto.

Hyu, você sabe que eu não sou muito de comentários e muito menos de comentários bonitos, então vou parar por aqui pra não passar muita vergonha.

Parabéns pelo texto! <3

Postado 12/12/17 01:29

Gosto dessa realidade infame que se encontra na obra. Existem pessoas que bebem para esquecer, mas outras, apenas usam a bebida como método de recordação. A lembrança mais vívida vem com mais intensidade quando se está sob o efeito do álcool. Sei disso, porque eu era exatamente como a narradora deste conto.

O amor é algo que sempre vai me impressionar, por conta das variadas formas que ele surge. Nessa obra não tem o velho clichê do romance, só tem uma garota se lembrando daquele cara de olhos azuis como o céu, que costumava a estar sempre ali. Só tem uma garota como muitas outras, se lembrando de um passado que não existe mais.

A pessoa se vai, mas as lembranças permanecem. As manias do outro, acabam se tornando nossas ações cotidianas. E tudo o que podemos fazer a respeito, é sentar, tomar uma cerveja, acender um cigarro e lembrar dos dias que não vão mais voltar. O problema de amar muito alguém, é que quando essa pessoa vai embora, a gente simplesmente revive ela nas memórias, na esperança dela voltar e tornar esse tempo vazio e melancólico, nos dias de alegria e afeto.

O problema do amor, é que ele não deixa uma pessoa que marcou nossa alma, sair tão facilmente do nosso coração.

Parabéns pela obra, Lucinalva. Eu adorei e é muito bom ler algo teu ❤

Postado 20/08/20 23:59

Eu nem sei como descrever o que eu sinto depois de ler isso... Só sei que é algo imenso... Como sempre, você me tira o ar... Foi bom ficar azul com você, acho que desta forma, não ficamos tão sozinhas, também sou do tipo que se embriaga de más decisões apenas para reviver...

Parabéns Lúcia, por mais uma obra impecável ❤️