Afogada entre uma garrafa de cerveja. Nublada com as lágrimas e a lembrança que o cheiro do cigarro da mesa ao lado trazia. Lá estava eu novamente, perdida e confusa imaginando novamente um futuro quase surreal.
O lugar me lembrava de você, a textura da mesa me fazia lembrar quando estava sentado ali comigo, brincando com as rachaduras. Nossa mesa ainda era a mesma. O mesmo lugar, o mesmo acento que você ocupava, só que agora vazio. Tudo era a mesma coisa, exceto por você.
Pessoas passavam a todo o momento. Estavam comemorando algo; sofrendo por algo; vivendo por algo. E novamente eu estava ali, esperando. Revivendo algo... Revivendo você; revivendo a nós.
Seu cheiro ainda está gravado na minha memória como se você estivesse ali, bem na minha frente sorrindo e comentando animadamente sobre algo fútil enquanto tomava mais um gole da sua bebida e tragava seu cigarro.
Talvez você nunca tenha percebido, mas era principalmente nesses momentos em que mais prestava atenção em você. O jeito que sorria sempre foi o que mais me atraiu, era tão verdadeiro. Nunca consegui perceber nenhum desgosto quando você fazia isso, só a alegria que você exalava. Os olhos eram outra coisa que me agradavam demais. Eram azuis e, na forma mais clichê possível, da cor do oceano; da cor do céu.
Minha cor predileta.
Olhe só para mim agora: Quem repugnava o cigarro, consumindo um maço por dia; quem odiava cerveja, bebendo para reviver os momentos em que passei ao seu lado; quem não acreditava em ilusão, amando como se estivesse em uma. Nublada não só por lágrimas, mas consumida e ávida por só mais uma dose do seu amor ou de vodka, que me fazia sentir do mesmo jeito:
Completamente bêbada.
E lá estão eles novamente comemorando; vivendo. E cá estou eu mais uma vez esperando; revivendo.