Ei, mas não te vai agora,
Sei que dói
E que a estadia é penosa,
Mas ainda pior é a perda de quem te ama,
Não te vai agora que chega a ventania,
Fica que chega um vendaval,
Talvez seja o fim,
Talvez seja algum sinal,
Mas deixa descobrirmos juntos.
Fica aqui e faz tua morada
Arranja uma desculpa para não ir,
Eu finjo que acredito,
Faço o maior esforço
Para não estender o meu sorriso torto.
Amor, o vendaval vem chegando,
É longo o temporal
E pesada a tempestade,
Talvez perdure pela noite,
Talvez alguns pingos infiltrem pelo teto,
Talvez o vento abra as janelas e molhe a sala,
Talvez a limpeza de ontem foi em vão
E teremos que arrumar pela manhã,
Talvez seja algo bom, por que não?
Pela manhã levantaremos os móveis,
Faremos o arranjo a dois,
Trabalharemos em conjunto,
Faremos, do que era, da lembrança
A esperança de nosso lar,
O que um dia foi meu,
Agora particionado,
Mas pela primeira vez,
Completamente unido,
Nunca tive muita personalidade para posicionar a mobília...
Talvez você seja esta parte minha, completando a existência,
Afinal,
Sempre tive o coração que agora, habitas,
Sempre tive todos os pontos para serem conectados,
Mas só depois da tempestade,
Que ironia,
Veio nossa calmaria...
Sempre pude unir os pontos,
Mas foi você quem os ordenou,
Às vezes temos todas as chaves,
Mas não conseguimos identificar as fechaduras para abrir,
A porta sempre esteve lá,
Mas foi tu quem me levou a elas,
Depois de tudo que passamos, hoje,
Somos mais um do que, meramente, dois humanos.
Fomos um momento, instante passageiro,
Hoje somos, um do outro, a estadia,
Sem prazo ou vencimento,
Sem débito na conta ou crédito a conceder,
Somo todas falhas e desejos,
Todos almejados sonhos
E, a cada dia, somos nosso reinvento.