Largo o violão, pois chegou a hora de me acomodar ao teu lado. Em passos delicados, vou até a cama e deito-me cuidadosamente, afinal te acordar seria um crime. Acaricio seu rosto com delicadeza, pois sua alma serena, longe das preocupações diárias, me traz uma paz sem igual.
O mundo ainda não tem conhecimento de que a solução para o caos, está bem aqui, ao meu lado. Mas não me importo: enquanto tua calma for a voz no meu tumulto, o mundo ainda será um lugar seguro.
Começo a te apreciar e entre carícias leves, sinto seu corpo, respiro seu fôlego, absorvo seu cheiro... Seu jeito de me persuadir é instantâneo. Te entrego um beijo suave, um olhar sincero e me rendo a realidade: eu te amo. Não devo mais negar, pois foi aquele olhar que marcou em meu peito esse sentimento surreal. Depois, veio a entrega, a pequena morte, o desejo. Não acabou por aí, pois você não foi como os outros: você permaneceu. E agora, me pego apreciando seu rosto, como o poeta aprecia sua poesia.
Seus olhos permanecem fechados enquanto digo palavras que jamais pronunciei com tanta certeza. Meu coração é profundo, mudo e surdo. Difícil entrar sem se afogar, ainda assim, você chegou e me transbordou.
Seja obra do destino ou jogo do tempo, já não importa mais. De tudo que poderia dizer, escolhi o silêncio. Foi assim que tudo começou, não foi?
Naquele instante, não eram necessárias palavras.
Nós éramos o momento.