A Odiosa Dona Sílvia
Francisco L Serafini
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 10/02/16 22:39
Editado: 28/03/16 08:50
Gênero(s): Comédia Drama
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
Apreciadores: 2
Comentários: 1
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Palavras: 572
Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único A Odiosa Dona Sílvia

A quarta-feira representava horror na sala de aula da turma do 401 da escola Maria de Fátima. As crianças já começavam a suar frio em pleno intervalo, pois sabiam que a temível prova oral e semanal de português se aproximava. Dona Sílvia, a professora da disciplina, era implacável, dificilmente era ludibriada e era intolerante a estudantes classificado por ela como ignorantes.

Naquela quarta-feira, ao soar o sinal que representava o término do intervalo, Paulinha e Toninho ainda estavam de pés, se dirigindo aos seus lugares quando ouviram um grito intenso vindo da porta.

— Paula e Antônio! Já para os seus lugares! O sinal do fim do intervalo já soou e não tolero atos de rebeldia de alunos ignorante!

Toda a semana alguém sofria com as ordens e ofensas da professora Sálvia, como os alunos secretamente a apelidaram, pelo mesmo motivo, o que fez a turma tentar já estar em seus lugares antes mesmo do soar do sinal. Dona Sílvia esperou os alunos sentarem e se dirigiu a sua mesa, onde largou seu material didático. Logo se dirigiu à lousa e escreveu a seguinte frase: “Maria sentará na cadeira quando a professora chegar, porém Paula não o fará”. Colocou o giz no local apropriado e ordenou:

— Gustavo, onde está o erro na frase que acabo de escrever na lousa?

— É... Oi, professora. Que frase grande... Deixa-me ver...

— Pare de enrolar, Gustavo!

— Não há erro na frase, professora.

— Como não há erro? É evidente que há um erro! Sente-se e permaneça calado! Alguém se arrisca a responder?

A turma toda ficou em silêncio. Alguns já haviam identificado o erro, mas estavam receosos em serem humilhados e reprimidos pela Sálvia. Outros não tinham realizado os deveres e, portanto, não sabiam de fato responder. A Dona Sílvia, no entanto, começava a bufar por conta do silêncio da turma e num ato de explosão indagou:

— Ninguém vai responder a minha pergunta?!

— Eu vou, Dona Sílvia. O erro está na conjugação do verbo fazer. O correto é “fá-lo-&aacu­te;” e não “o fará”.

— Perfeito, João! Surpreendentemente você estudou para este exame.

— Obrigado, Dona Sílvia. Mas gostaria de desafiá-la a encontrar o erro presente em uma frase que desenvolvi na noite passada.

— Você quer me desafiar? Está bem, João! Já que a turma se calou, quero mostrar a eles como se responde a uma pergunta. Qual é a frase?

— A Dona Sílvia tem o melhor marido do mundo.

— A Dona Sílvia tem... essa frase não tem erro, João!

— Ledo engando, Dona Sílvia. O erro dessa frase é de coerência, em que no contexto vivido pela personagem da frase é impossível que isso de fato seja verdade.

— O que você quer dizer com isso, João? Que eu não tenho o melhor marido do mundo?

— De fato, Dona Sílvia, pois uma pessoa tão mal comida não pode ter o melhor marido do mundo.

João foi expulso da escola, já que esse tipo de comportamento era repudiado pelas suas proprietárias, enquanto Dona Sílvia continuou aplicando seu método de ensino opressor. Mas o que João fez naquela quarta-feira nunca foi esquecido pelos seus colegas. Nos tempos atuais, João foi escolhido por eles para ser o presidente do Partido dos Estudantes Livres, partido político fundado pelos estudantes do Maria de Fátima para ampliar a voz dos estudantes no cenário nacional. Enquanto isso, Dona Sílvia via na televisão seus alunos usando imagens da sua velha professora de português como símbolo de tudo que deve ser repudiado.

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Apreciadores (2)
Comentários (1)
Postado 27/02/16 05:48

hahahahahah

Muito bom cara, muito bom! :)

Postado 27/02/16 10:44

Hehehe. Valeu, Dan!