Um dia ruim, um dia ruim. Poderia fazer uma lista extensa de dias assim, mas, nem todos são tão marcantes quanto o que eu lhes contarei.
O dia estava quente, o sol irradiava alto no céu e, apesar de tudo, a única coisa que eu conseguia sentir era frio. Mesmo ali, sentado sobre o mármore polido, encarando o belo retrato do meu falecido avô, não conseguia aceitar que aquilo era real.
Mesmo após tê-lo visto no caixão, de olhos fechados, e de ter segurado suas mãos gélidas entre as minhas que não passavam de mãos de criança. Mesmo após ter jogado uma rosa após o caixão ser completamente baixado. Nada disso tinha feito a minha fixa cair.
Todo meu mundo havia parado.
Não sabia que horas eram,
Que dia,
Ou até mesmo onde eu estava.
“Penso, logo existo”
Será que, pelo simples fato de agora ele não estar mais pensando, ele deixou de existir?
“A morte é algo bom” disse ele, “a forma de que se morre é que pode não ser”
Meu peito dói ainda pela falta que faz, mas suas palavras me reconfortam.
Meus pais dizem que ele não sofreu, e eu me agarro a acreditar nisso.
Penso que a nossa amiga, a morte, veio e levou sua doce alma cansada em seus braços.
Mas, mesmo assim, a falta que faz é cortante.
Carrego seu par de olhos azuis, da cor do céu de primavera, em meus sonhos.
Espero vê-lo novamente, meu caro avô.
Estou aguardando nosso reencontro.