Nós acordamos todos os dias prometendo a nós mesmo que seremos melhores.
O problema está na execução disso.
Hoje eu acordei prometendo a mim mesma que não pensaria em você, que faria de hoje um dia bom. Que hoje meu coração não se apertaria ao ver o seu lado da cama vazio, ou acordar sem o se sorriso preguiçoso, ou ter você do outro lado da mesa na hora do café, usando minha camiseta.
Obviamente, eu não tive sucesso.
Pego sua foto, que eu ainda mantinha na cabeceira da minha cama. Em seus olhos, eu vejo coisa que eu sei que não posso tocar. Eu sei que não devo tentar agarra-las. Eu deixo que me toquem, e eu aprecio esses momentos que somos capazes de compartilhar... E sinto a saudade apertar em meu peito com lágrimas que agora sou incapaz de produzir.
Estou seca, me sinto oca.
Você não foi embora, você foi arrancada de mim. Como se nossas vidas não fossem a de duas pessoas diferentes, mas sim o resulto de nosso entrelaço. Éramos um conjunto vivo, eu e você. Dois corpos, um coração.
Mas agora minhas raízes á você foram cerradas, e eu murcho e morro devagar, como uma planta arrancada do solo.
Eu achei que dor era uma coisa calculável. Que cada ser humano sabe o máximo de dor que consegue ou conseguiu sentir, que era algo medível. Mas a cada dia que passa sem você em minha vida, eu sinto um patamar acima de dor, inédita e excruciante dor, que parece inesgotável.
E eu não sei o que mais dói, do que eu mais sinto falta. De você, ou de nós.
Você era essa criatura incrível, fascinante e linda que surgiu em minha vida numa catástrofe de sentimentos. E sozinha, apenas sendo você mesma, era apaixonante. Mas juntas nós éramos como um fenômeno, como uma tsunami de sensações. Eu me afogava em nós, me deleitava com cada toque quente que compartilhávamos, eu não acreditava na sorte que tive em ter encontrado algo tão intenso e enlouquecedor. Você me fez abraçar a vida e cada pequena felicidade que ela é capaz de proporcionar.
Com você eu tinha um amor em mim daqueles que você mal pode imaginar, e agora, sem ele, eu tenho uma raiva que você não iria acreditar. Ela escurece meus pensamento e mancha nossas memórias com dor, agora estou condicionada a ver seu rosto como um presságio maldito de sua falta.
Costumava pensar que sucesso é uma jornada, não um destino. Ter fé em mim, em quem eu sou e em o que eu quero é o método que eu achei mais eficaz, mas fé nenhuma me faz superar você. Invés disso você está em minha cabeça em cada pensamento de cada segundo, de cada dia, todos os dias.
E nos piores dias eu me pego desistindo, abraçando minha dor e sofrimento e indo para o fundo do poço. Onde não há dignidade ou consciência, onde eu me torno alguém que seria irreconhecível pra você.
A verdade é que eu me acomodei com “nós”.
Tudo era “nós”, “nós morávamos”, “nós sentíamos”, “nós éramos”. Eu não era eu, você não era você. Eu e você éramos nós.
E “nós” é tudo o que eu sei ser.