Estava quieto no cantinho escuro; sozinho, recolhido — quase exprimido entre um móvel e outro. Lia um mangá qualquer, nem bom nem ruim, novo ou velho, mas dele gostava…
Nisso sua doce mãe o chamou:
— Oh, vagabundo, vá arrumar o que fazer!
O amor da progenitora não o comoveu, porém, e ele apenas prosseguiu a leitura.
Logo chegou o simpático pai:
— Vai dar um jeito nessa merda de vida ou não, seu bosta?
Mas o carinho paterno, talvez por ser tão comum, também não lhe tirava a concentração.
Por fim veio o querido irmão:
— Continua vendo essas porra de viado, sua bixa?
E aí o fizeram perder uma linha muito importante, numa página dupla tão bem desenhada…
Sem ter mais como resolver a questão, pegou o revolver que guardavam na gaveta mais próxima e matou a família inteira. Depois voltou a ler o mangá.