Monstruous (Em Andamento)
True Diablair
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 08/05/16 14:45
Editado: 30/10/16 15:23
Qtd. de Capítulos: 2
Cap. Postado: 08/05/16 14:45
Cap. Editado: 30/10/16 15:19
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 7min
Apreciadores: 11
Comentários: 5
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Usuários que Visualizaram: 30
Palavras: 938
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Monstruous
Notas de Cabeçalho

Dedicado a todas as mulheres verdadeiramente MÃES neste mundo maldito. Agradecimentos mais que especiais à Srta Ísis, cuja escrita e dicas tem me feito tanto bem.

Texto criado exclusivamente para o Desafio Quinzenal "Materno Amore". É muito fraco e indigno de uma pessoa tão especial quanto a Srta Pam, a qual peço desculpas... Todavia, não consegui chegar a nada além disto. Perdão, Pam.

Primeiro Encontro À Beira do Abismo

Abominável.

Esta era a palavra que melhor descreveria a coisa que se encontrava à beira do Abismo que existia no fundo de um poço onde há tempos despencara. Descendeu tão profundamente que a luz da saída fitada lá debaixo mais parecia uma longínqua estrela. E como tal, embora sua luminosidade pudesse ser observada, provavelmente não mais existisse de fato.

Voltou o olhar enlouquecido para si própria. Aquela monstruosidade era enorme, disforme e maldita. Feridas e correntes rasgavam sua pele e minavam sangue como se fosse um pranto escarlate. Grilhões parafusados no crânio terminavam em pesos que pendiam até o solo frio e duro onde os cascos e joelhos da criatura se encontravam. Sua bocarra repleta de dentes (e por vezes, veneno) se mantinha funestamente fechada. Todavia, por dentro gritava. Urrava. Cada vez mais alto.

Inalou o ar viciado do local e se espantou com o próprio odor: fedia a excrementos, dela própria e dos que outrem lhe atiraram sobre o corpanzil ao longo do tempo. Sua pele estava esfriando de dentro para fora, igualando as temperaturas do corpo e da alma. O sopro do Abismo solapou suas narinas com um aroma inexplicável. Estava perigosamente perto da borda. Tão perto que talvez um pensamento a mais fosse o suficiente para que caísse. Só que a abominação não pensava mais. Apenas sentia. Sentia? Não sabia mais.

Não se importava mais.

O Abismo (ou seria sua mente?) ciciava... Ciciava... E a abominação, entorpecida, ouvia. Quando enfim tomou sua decisão, ouviu algo além. Assustou-se por um segundo: julgava estar sozinha naquela desolação. Ao menos, era a certeza que tinha. Entretanto, escutou perfeitamente o arrastar de passos em sua direção. Quase cega pela torrente emocional que a tomava há tempos e pelas trevas do recinto, demorando em discernir o que vinha vagarosamente ao seu encalço. Até que, por fim, a proximidade se fez suficiente e a coisa finalmente enxergou, por cima do ombro, a origem dos inacreditáveis ruídos.

Era outra criatura, bem menor, mais antiga e, ainda assim, infinitamente bela que ela. Os passos eram vagarosos e pareciam serem executados com dificuldade: havia muita dor naqueles movimentos. A pele, a cabeleira, a leve curvatura corporal... Tudo indicava e emanava a passagem considerável de tempo. No entanto, um paradoxo: havia muito poder naquela figura, tanto quanto a fragilidade aparente. Era algo tão intenso e inegável que a outra criatura se virou, demovida de seu intento por um instante.

Sabia muito bem diante de quem estava.

Vá embora! — berrou a coisa à beira do Abismo com um timbre gutural e a plenos pulmões, o som dos elos enferrujados ganhando o ar infecto.

Escutei "Por favor, fique!" — retrucou com suavidade a ouvinte enquanto continuava a seguir em frente.

Você não entende! Nunca entendeu! — vociferou o ser grotesco, gesticulando com violência como se isso concedesse força às palavras.

Escutei "Eu não consigo lhe explicar direito! Nunca consegui!" — respondeu calmamente a misteriosa aparição, cada vez mais próxima.

Olhe para mim. Vamos, OLHE PARA MIM! — clamou ferozmente a criatura monstruosa, como que se expondo por completo — Não mereço sua ajuda... Não depois de tudo... — sua voz fraquejou, como se o jugo das memórias sobrecarregasse o âmago.

Escutei "Não olhe! Não quero que veja o que me tornei... Nem que se suje por minha causa. Não de novo." — rebateu de modo afável a diminuta visitante ao ficar à distância de um toque daquele monstro.

O que quer fazer, o que sente por mim... Não é do meu merecimento. — murmurou a aberrante entidade, desviando o olhar rumo ao Abismo, indicando o que julgava ser-lhe mais adequado. — Eu...

A ouvinte impediu que novas frases fossem ditas colocando o pequenino dedo indicador defronte a boca imunda do monstro, em um gesto sutil e ainda assim autoritário que foi obedecido. Em seguida, dilacerou o peito com a mão livre, expondo um coração anormalmente grande, teoricamente impossível de caber dentro de sua caixa torácica. O órgão pulsante e enrugado estava cheio de cicatrizes, algumas reconhecidamente feitas pelas grandes garras da testemunha de tal atrocidade. Havia uma energia colossal condensada ali, radiante ao ponto de expurgar a escuridão e devolver integralmente a visão da surpreendia monstruosidade.

Veja, pequenino... Sinta. O que há aqui é seu. Sempre foi e será. —explicou a idosa criatura com um afável sorriso enquanto acariciava o rosto horrendo diante dela. — Não por merecimento, mas por direito de nascença. Entenda. Aceite.

Vencida, a monstruosidade gigantesca pranteou amargamente aos pés da outra coisa, que guardava o músculo cardíaco dentro de si. Depois disso, com uma força incondizente com sua estatura, ela apanhou o ser e o arremessou para cima, em direção ao ponto minúsculo que reluzia sobre ambos.

Não posso te levar até lá. Mas sempre estarei por perto para mostrar o caminho. — exclamou a antiga visitante para o ser horrível de asas feridas, vendo-a fincar as garras nas paredes do poço quando a arremetida cessou. — Agora vá! Ascenda! Eu estarei com você, meu filho. Nem o Fim me impedirá de estar.

Ela desapareceu tão repentinamente quanto surgiu, deixando apenas a força de seu sentimento para trás.

Com o pranto contido e um sorriso atroz, porém agradecido, o monstro tentou mover os braços longos e delgados. Ainda estava (e se sentia) imundo. Ainda estava muito machucado da queda. Ainda havia muitos pesos e correntes. Não seria nada fácil escalar. Outras quedas certamente viriam. Todavia... Relembrara com sua progenitora, a única a quem amou e por quem era amado incondicionalmente, que deveria continuar tentando. Devia fazer isso, se não por si mesmo, ao menos para honrar os esforços dela.

A luz ainda estava tão longe quanto uma estrela. Só que agora, um gesto menos distante.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Como eu disse, nada muito rebuscado ou mesmo verdadeiramente bom...

Feliz Dia das Mães para todos os membros deste site!

Muito obrigado por sua leitura e por quaisquer (improváveis) reviews...

Apreciadores (11)
Comentários (5)
Comentário Favorito
Postado 28/05/16 23:49

Eu sempre, sempre e sempre, fico sem palavras quando leio alguma obra sua. Demora-se horas até eu conseguir redigir um comentário digno de seus textos, e por infernos, quando postei o desafio esperei mil e uma coisas, mas especificamente os clichês, mas essa supera em tudo as minhas expectativas. Claramente fiquei confusa no começo, não nego, porque antes do fim eu estava tentando assimilar o contexto com o tema, e por Lúcifer, essa profundidade, esse jogo de palavras, me fez ficar totalmente satisfeita, e alegre. O desafio pode ter flopado, mas o seu texto compensa tudo. Obrigada, Manu (pelo texto, e por sempre me alegrar) ♡

Quanto a sua obra, volto a ressaltar que o começo ficou confuso, não por ter sido mal detalhado, longe disso, mas é como eu digo, não dava para assimilar. Mas agora, terminando e refletindo, tem tuda a ver com o tema. Diferente do que foi trabalhado e do que eu esperava, você pegou uma perspectiva diferente sobre o relacionamento materno, para ser mais exato, as passagens de força e os nossos arrependimentos. Yeah, todos nós temos, inclusive quando se trata, por vezes, da figura materna.

O nosso querido monstro tinha arrependimentos, tinha desistido. Ele não queria mais continuar, afinal, a luz ainda estava tão longe quanto uma estrela, mas o aparecimento de sua mãe o fez mudar, o fez ter uma visão diferente. Não importa o que aconteceu, o que ele fez e deixou de fazer, seus erros, acertos, defeitos... Ela sempre o amaria, seria a sua força, sua luz, e estaria sempre ao seu lado.

O Abismo, aqui tão bem metaforizado, nos faz mentalizar muitas passagens de nossas vidas. O abismo é o nosso abismo, a nossa escuridão interna, os nossos piores medos e remorso. E tudo aqui se encaixa como um quebra-cabeça, um lindo e trabalhoso quebra-cabeça.

E sim, apesar de ser um clima mais tenso, e mais melancólico, eu sorri. Sorri porque sempre temos alguém que nos tira do abismo. Sorri porque sempre temos esse empurrão para continuar. Sorri porque você sempre me faz sorrir.

Muito obrigada, Manu. E meus sinceros parabéns!

Postado 24/06/16 17:22

Srta pam... Eu sequer tenho palavras para lhe agradecer por um dos mais fantásticos feedbacks que recebi em toda a minha "vida"... A felicidade, orgulho e satisfação de ler algo assim é de um impacto tal que cala fundo na alma.

Eu venci o desafio. Não o que a senhorita propôs, mas um outro muito mais importante. E este seu comentário é o meu inestimável troféu ao qual levarei para sempre na memória...

Muito obrigado. Sério. Do que me resta de coração... Muito obrigado.

Postado 09/05/16 16:53 Editado 09/05/16 19:28

"Como eu disse, nada muito rebuscado"

Palavras muito humildes para um texto muito bom.

Postado 10/05/16 01:27

Pois eu digo que estas palavras a mim e minha obra dirigidas são muito gentis e enaltecedoras... Não mereço, mas sincera e modestamente as agradeço!

Gratíssimo pela leitura, apreciação e feedback tão positivo! Gratíssimo!

Postado 10/05/16 16:18

Lembrou-me de algo. Sorri.

Postado 10/05/16 16:46

Então esta obra foi mais do que bem sucedida... Sorri e continuarei sorrindo por um bom tempo ao lembrar de tal honraria.

Gratíssimo, Srta Ísis! Gratíssimo!

Postado 19/05/16 09:34

E é lendo suas histórias que eu sorrio um sorriso tão sincero.

Parabéns pela história.

Gostei muito!

Postado 20/05/16 11:51

Senhorita Gabi, decerto não mensura o quão imenso e sincero é o meu sorriso ao ler o seu comentário... Eu humilde e regiamente lhe agradeço pela gentileza de ler, apreciar e coemntar minha obra!

Gratíssimo por igualmente me fazer sorrir! Gratíssimo!

Postado 20/05/16 00:19

Que texto bagual, pqp.

Muito, mas muito bem o jeito que trataste do tema. Bahh, fode escrever algo a supera-lo, hahaah.

Parabéns!

Postado 20/05/16 11:54

Nem tenho palavras para lhe agradecer devidamente, meu caro e talentoso amigo... Arramcar um feedback tão positivo de um dos maiores e melhores escritores deste site é um feito e tanto! Mutíssimo obrigado, de todo o meu maldito e enegrecido coração!

Gratíssimo, gratíssimo!

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