Eu gosto de ficar sentada aqui, a sombra da árvore neste banco é boa. Tem um rapaz, este jovem bonito da foto onde estou mais nova abraçando ele, que sempre me traz aqui. Ele diz que é meu filho, que EU sou sua mãe. Não lembro dele. Ele segura o choro quando digo isso, mas sorri e fala que está tudo bem, que não tem problema.
Eu sorrio de volta. Ele é paciente, cuidadoso e gentil comigo. Não sei explicar, mas estar com ele faz meu coração bater de um jeito carinhoso, mais leve. A gente conversa quando eu consigo. É tudo tão estranho... Eu olho para a foto enquanto o rapaz conta algo que não entendo, mas parece que deveria. Olho para ele de novo. Não sei do quê está falando e nem o reconheço mesmo. Ele nota. Me sinto um pouco triste por ver ele com o olhar tão marejado, tão... Inconformado.
Acaricio seu rosto e lhe faço um cafuné. Digo que meninos não devem chorar. Meu peito se enche de amor e de uma certa nostalgia. Um lampejo...?
O moço deita a cabeça no meu colo e, comovido, diz que eu sempre lhe fazia carinho e falava aquilo para ele quando o mesmo era criança e chorava por qualquer que fosse o motivo. As lágrimas dele escorrem e um soluçar baixinho escapa de sua boca. Eu choro junto, acariciando seu couro cabeludo e enrolando uma mecha de seu cabelo em meus dedos enrugados.
O tempo pára. A dor aumenta. A tristeza toma conta. Dele, por recordar daquilo. E de mim, por haver esquecido.
Ao menos, meu coração ainda lembra de algumas coisas...