Azurepmis (Terminado)
True Diablair
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 27/01/16 09:29
Editado: 01/10/16 01:12
Qtd. de Capítulos: 10
Cap. Postado: 27/01/16 09:29
Cap. Editado: 27/01/16 10:47
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 3min a 5min
Apreciadores: 8
Comentários: 4
Total de Visualizações: 1102
Usuários que Visualizaram: 34
Palavras: 606
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Azurepmis
Notas de Cabeçalho

"E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa". - Marcos 4:29

Ato I Aprisionado Por um Vislumbre

Interlúdio

Eu sempre soube que esse momento maldito iria chegar. Julguei-me plenamente preparado para ele em todos os aspectos e agora vejo o quanto havia subestimado as consequências de meus atos. Não que eu esteja arrependido: Não, de forma alguma. Só estou com muito medo, sentindo-o de uma forma inédita e absoluta, como se quaisquer outros sentimentos e sensações fossem inexistentes.

Acho que nunca chorei tanto em minha vida como estou fazendo aqui, sentado nesse lugar escuro, frio e cujo silêncio só é perturbado pelo meu soluçar e fungar de nariz. Estou nu, faminto e sedento, exalando um odor extremamente desagradável devido ao suor gélido que inunda meu corpo magro e moreno. Entre um delírio e outro, oriundo das privações a que me submeti por livre e espontânea vontade, o pavor permanece fustigando meu coração pelo que estou prestes a realizar.

Observo o reluzir esverdeado e fantasmagórico das unhas de minhas mãos: é o sinal de que chegou a hora. Meus olhos, já inchados de tanto expelir lágrimas, se fecham lentamente à medida que me levanto com dificuldade, tremendo como se possuísse Mal de Parkinson. Respiro fundo e fecho os punhos, ocultando parcialmente a luminescência espectral que deles irradia.

"Azurepmis, vinde a mim. Vinde a mim pela última vez."

Um mantra macabro é recitado em pensamento por mim. Doze vezes, um chamado para cada uma das badaladas que ressoam distantes e ecoam em meu âmago. A cada repetição, sussurros quase inaudíveis e o levíssimo deslocamento de ar se fazem notar, provocando arrepios diretamente em minha alma. A última delas mal foi entoada, tamanha a sensação esmagadora que me aflige.

Minha respiração está mais que alterada, minha pulsação encontra-se no limiar de um ataque cardíaco, minha vontade de irromper porta afora em uma fuga desesperada é simplesmente absurda. Por isso havia acorrentado a mim mesmo na parede antes de todo o processo que enfim terminei de executar.

Não haverá escapatória ou retorno... Está feito: Faz-se presente, comigo.

— Manoel, eis-me aqui. Bem sabes o que tal cousa significa para nós. — sua voz calma e deleitável de forma alguma me tranquiliza. — Todavia, assim como me fizeste pedidos, também o farei a ti. Somente um antes do que se seguirá após o realizardes.

Azurepmis tem uma presença tão poderosa que desde o segundo em que a notei encontro-me paralisado, mudo e com as pálpebras encerradas com força, ao ponto de me sentir incomodado pelo esforço de mantê-las assim. Visto que eu não podia negar-lhe nada mesmo que assim o desejasse, nunca saberei se aquelas palavras foram sussurradas nas trevas por consideraçã­­­o ou pura malícia.

— Olhai para mim. Fitai-me nas íris. Contemplai minha face neste momento derradeiro. — o timbre delicado de suas palavras era tão prazeroso quanto assustador. — Erguei teus olhos e vede o que criaste.

Nada faço ou respondo, sentindo meu coração congelar dentro do peito. Meus lábios sangram, pois eu os mordera profundamente para não emitir uma só palavra. Posso sentir Azurepmis se aproximando devagar, na companhia de todos os outros. Eu estou cercado de gemidos, pranto, súplicas e ranger de dentes em uma cacofonia digna dos salões de tortura da Inquisição.

— DORAVANTE, OLHAI PARA MIM! — vocifera de maneira ensurdecedora, quase como uma súplica desesperada que fez minha alma pesar. — RECEBEI TEU GALARDÃO E REGOZIJAI COMIGO! É CHEGADA A CEIFA!

Ao abrir os meus olhos, é a minha vez de gritar conforme minha vida passa diante de mim e me recordo em um sombrio flashback como tudo começou para mim e para Azurepmis... E enfim compreender o porquê dizem sabiamente que “de boas intenções, o inferno está cheio”.

Provavelmente estarei entre a população das lendárias pradarias flamejantes em breve.

❖❖❖
Notas de Rodapé

*Atenção: Esta obra e os personagens que nela aparecem são de minha total autoria.

Os direitos de quaisquer trechos musicais ou descrições/­­­citaç&ot­ilde;­es de obras/locais já existentes que porventura venha a utilizar em minha fic pertencem aos seus respectivos criadores/autores.

Esta é uma criação pertencente a Diablair e foi desenvolvida para fins de entretenimento, sem intenção de lucro. *

Muito obrigado pela leitura e por quaisquer reviews!

Apreciadores (8)
Comentários (4)
Postado 22/06/16 23:17

Simplesmente um início fantástico.

Postado 29/06/16 02:05

Sr. Thomas! Fantástico é ter um autor do seu calibre prestigiando minha obra com sua leitura e elogio! Muitíssimo obrigado!

Postado 03/08/16 10:26 Editado 03/08/16 10:27

Wow! Adorei esse início da trama! Achei a sinopse interessante. Confesso que não esperava pela naturalidade do personagem. Tipo, claro que, sendo humano, ele teria de nascer em algum lugar. Mas eu senti um clima tão sobrenatural, que esse detalhe me pegou de surpresa.

Foi um capítulo muito bom. Deu pra sentir o gostinho do que nos aguarda, assim como nos deixa com vontade de ler logo os próximos capítulos. Até agora, não sabemos taanto assim da personalidade do protagonista, mas ele me pareceu ser alguém determinado, e bem estrategista. Gostei bastante do penúltimo parágrafo, e gostei da comparação com o ditado.

Estou louca pra ler o próximo! Sinto que será uma ótima história. Parabéns pelo capítulo!

Postado 16/08/16 03:49

SATÃ!

Mil perdões pela demora em responder, Srta Aye (incluindo no outro site do qual já me expurguei), embora atualmente eu esteja um tanto debilitado nesse quesito...

Fico muito honrado e agradecido pela sua leitura e análise, é deveras gratificante saber que este início lhe agradou ao ponto de ansiar pelos demais! Aliás, gratíssimo por ter lido toda a obra, espero que a mesma tenha sido igualmente do seu agrado!

MUITÍSSIM OBRIGADO, DE TODO O MEU MALDITO E APODRECIDO CORAÇÃO!

Postado 16/08/16 09:10

Oxe, eu que agradeço pela leitura dessa obra maravilhosa!

Postado 13/09/16 15:32

Eu finalmente cheguei para ler essa obra que me foi tão recomendada e já fiquei perdidamente encantada por esse início! *---*

Postado 26/09/16 05:14

Moça, muito me honra e felicita por estar finalmente aqui! É absolutamente gratificante saber que a senhorita gostou deste início e torço para que tal reação se mantenha até o final da obra!

Gratíssimo, gratíssimo!

Postado 11/08/20 20:33

Quando li essa obra prima pela primeira vez, me faltavam palavras para ir comentando capítulo por capítulo, tamanha a magnitude de cada um deles. Mas tentarei fazê-lo agora, do melhor modo que eu conseguir.

Desde as primeiras palavras já somos completamente envoltos pela aura de tristeza extrema aqui representada, e o clima é de profunda dor e desespero. O que eu simplesmente adorei!!

Um início magistral, digno do autor que assina seu nome ao redigir essa magnífica obra!!

Atensiosamente, uma criatura imersa em dramas,

Meiling

Postado 11/08/20 23:15

Srta Yukari, fico deveras honrado e feliz que esteja reacompanhando e comentando esta obra que considero como a minha maior criação desde o ventre até o túmulo...

Muitíssimo obrigado por prestigiar a obra com sua presença e feedback tão positivos! Gratíssimo!

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