— Estou te esperando nua. Vejo-te as 18 horas. E não esqueça o brinquedinho!
Seu pau pendia para esquerda e isso o incomodava. Odeio o comunismo. Pegava a cabeça de seu pau e a levava para direita na tentativa de o colocar no prumo que considerava digno, mas ele voltava a pender para o lado de Marx. Sentado no sofá da sala, Germano ouviu seu celular apitar, o que indicava uma nova notificação. O quê? Ela está me esperando nua? Finalmente a Clotilde vai abrir as pernas para mim! Levantou-se de imediato, abandonando a luta para converter o seu rebelde pênis, e dirigiu-se ao banheiro. Porra, ela quer me dar! Finalmente! No banho, começou a se lavar freneticamente. Levou a esponja com sabonete conhecer parte de seu corpo até então desconhecidas, como atrás das orelhas e entre os dedos dos pés. Notava que seu estado de limpeza mudava, mas o estado de alto enrijecimento de seu pau se mantinha. Vou tocar uma, que não quero ter ejaculação precoce. Começou a imaginar as mais variadas posições de sexo frenético com a Clotilde, o que fez sua masturbação não durar mais de trinta segundos. Vou te comer todinha, tesão!
No seu quarto, começou a cheirar as roupas que estavam no chão. Procurava por alguma peça que podia ser considerada como limpa e que mostrasse toda sua virilidade. Que merda. Minha camiseta do Von Mises puxando peso está suja. Chutando a porta da frente, saiu de casa para comprar uma muda de roupa que atendesse suas necessidades. Andou por dez minutos e entrou na primeira loja que encontrou.
— Moça, eu quero uma camiseta foda para foder foderosamente.
— Que macheza, senhor! Um homem como você certamente combina com essa camiseta.
— Com uma camiseta do Che Guevara? Enfia na tua bunda, essa camiseta. Eu quero uma com o Adam Smith caçando conservadores de merda.
A atendente de alma machucada correu em direção ao estoque aos prantos. O gerente da loja chegou até Germano e o convidou a se retirar do estabelecimento. Extremamente irritado, saiu chutando as portas da loja e continuou sua busca. Loja de merda. Eu quero foder com classe e me oferecem uma camiseta com esse chinelão. Por mais duas horas, Germano foi expulso de qualquer estabelecimento que entrava, pois sempre agia da mesma forma impensada e imprudente com as atendentes. Já conformado que teria que lavar uma muda de roupa, avistou, na esquina de casa, uma sex-shop. Claro! Ela quer um brinquedo e posso encontrar tudo que preciso naquela loja. Adentrou-a e ficou encantado com todas as possibilidades de vestimentas e prazeres penduradas em cabides e expostas em gigantes prateleiras.
— Pois não, senhor. Como posso o ajudar?
— Aquilo é uma roupa do Batman?
— Sim, senhor. Muitos casais têm fetiches por super-heróis. A fantasia do Batman é uma das mais vendidas, devido à grande fama da personagem dos quadrinhos e por ser muito sensual.
— Uau! Que maravilha. Eu vou querer a levar. Posso a experimentar?
— Com certeza, senhor. Acho que o tamanho 48 é apropriado, certo?
— Não. O tamanho 44 é o suficiente.
Certa que o tamanho que o cliente desejava era inadequado para seu porte físico, a atendente foi buscar a fantasia no estoque. Enquanto isso, Germano olhava alguns acessórios para contentar Clotilde. Será que ela quer uma algema para ser presa na cama enquanto eu comando todo o sexo? Ou, quem sabe, um chicote? As possibilidades eram infinitas. Algemas, máscaras, consolos para duas entradas e, até, aparelhos de choque. Mas, logo à frente da fantasia do Batman, ele encontrou o brinquedo perfeito. O Batman é foda. Até um BatVibrador de três velocidades e que brilha no escuro ele tem. Decidido em o levar, pediu a atendente que o separasse enquanto provava a fantasia.
No provador, Germano ficou completamente nu e olhou o reflexo de seu corpo no espelho. Como sou gostoso! Com muito esforço, conseguiu fazer seus grossos braços passarem pelas apertadas mangas, enquanto a cabeça só passou após descosturar a gola. A parte superior da fantasia só foi capaz de cobrir o peito do Germano, o que deixou toda sua barriga caída exposta. A parte inferior, composta exclusivamente de uma sunga preta, foi vestida com mais facilidade, embora fosse pequena. Essa merda aperta as minhas bolas mais que o Kim Jong-un aperta os norte-coreanos. Voltou a se olhar no espelho e acreditou ter visto em si o próprio Batman, com toda sua força, inteligência e fortuna. Até o Bruce Wayne ficaria de pau duro em me ver vestido lá assim. Convencido em que Clotilde se molharia toda ao vê-lo saindo do banheiro fantasiado do super-herói opressor de anarquistas, a sonhada foda era questão de tempo.
Germano saiu chutando as portas da loja novamente. Filha da puta! Já são 17 horas e 45 minutos e estou a pé! As pessoas que caminhavam no fim da tarde se indagavam porque um homem seminu, vestido de Batman e com um vibrador na mão estava correndo desesperadamente pelas ruas da cidade. Bosta! Quero comer a Clotilde, aquela putinha relaxada! Não posso me atrasar. As crianças riam quando ele tropeçava em suas pernas, as avós fechavam as janelas quando viam a bunda e o vibrador do desavergonhado e o pessoal do bar gritava que morcego não precisava pegar velocidade para voar. Germano não percebeu nada, pois estava focado em chegar a tempo. Vou te fazer barba, cabelo e bigode!
A gilete nova deslizava e cortava os pelos pubianos. Será que ele gosta do bigodinho do Hitler? Ele gosta tanto de política. Clotilde acabou seu banho, dirigiu-se à frente do espelho e viu que sua depilação tinha ficado maravilhosa. Virou o guarda-roupa em busca de uma peça de roupa adequada ao encontro, até encontrar uma blusa bem decotada e uma saia comprida o suficiente para não mostrar a bunda. Nem vou colocar a calcinha. Faltava cinco minutos para as dezoito horas, quando Clotilde foi a cozinha preparar as pipocas. Tenho certeza que vai rolar um clima quente durante o filme. Ao ouvir o som da campainha, ela caminha até a sala, liga a televisão, ajeita novamente seu cabelo, apalpa seus peitos e, ansiosa, abre a porta.
— Mas que porra é essa, Germano? Por que estás vestido assim? Estás praticamente nu!
— Eu que te pergunto. São exatamente as dezoito horas e deverias estar nua.
— Seu desaforado! Olha como fala comigo!
— Mas o que foi? Estou aqui completamente sexy e com este brinquedinho maravilhoso para o nosso sexo gostoso.
— Filho da puta! Enfia isso na tua mãe! Tua loucura vai te matar! Vires fantasiado de Batman achando que vais me comer. Isso é loucura!
— Porra, Clotilde. Tu me mandas uma mensagem dizendo que estás nua e pedindo um brinquedo e eu sou o louco? Não íamos finalmente ter nosso encontro?
— Do que tu estás falando, seu louco tarado?
— Caralho, Clotilde! Olha aqui a porra da mensagem! Estás te fazendo de petista que não lembra de nada?
— Mas tu és burro, Germano. Puta que o pariu, como tu és burro. Leia direito essa mensagem e vá embora com essa fantasia de Batman gordo.
— “Estou te esperando, Nuan. Vejo-te...” Caralho. Como editaste essa merda?
— Eu não editei merda nenhuma, trouxa. Tu não viste o “n” a esquerda do ponto final, não?
— A esquerda? A esquerda só tem merda, tal como esse “n”! E meu nome é Germano, não Nuan.
— Sei qual é teu nome. Então vai embora. Chamei o Nuan para vir assistir ao filme e depois, quem sabe? E pelo jeito não virá, já que mandei a mensagem a ti e não a ele.
— Já que ele não vem, que tal eu entrar e nós brincarmos?
— Saí daqui, seu louco burro!
Germano estava desolado. Saiu com passos lentos após ver a porta explodir na sua cara. Atravessou a rua e sentou-se num dos bancos da praça do bairro enquanto observava a casa de Clotilde. Estava tão perto de esfolar minha piroca naquela gostosa. Ficou imaginando como seria o casamento, para onde viajariam no inverno com as crianças e no advogado para a futura separação. Ia ficar contigo até tu embarangar, Clotilde. Ia te fazer muito feliz, Clotilde. Sentado, cabisbaixo, desiludido, Germano não teve forças para xingar, como sempre fazia, um grupo de esquerdistas que passavam pela rua. Observou com desprezo aquelas pessoas que vestiam vermelho e pediam por intervenção estatal. Tem um até com a camiseta do Che Guevara que aquela desqualificada quis me vender. Ué, por que ele parou na porta da Clotilde?
— Nuan! Tu vieste?! Que felicidade!
— Claro que vim, meu tesão. Até trouxe esse martelo e essa foice para nós brincarmos, se é que tu me entendes.
— Claro que eu entendo e era tudo que eu queria. Entra, que estou sedenta por sexo.
Alguns lenços de algodão foram se acumulando ao lado de Germano. As pessoas que passavam pela rua ficavam sensibilizadas com a cena do Batman seminu chorando. Todos queriam reconfortar aquele que se inundava em lágrimas. Germano, no entanto, secou-se com a capa que portava e levantou-se lentamente, sem perceber que esquecia o BatVibrador, e começou a rumar para casa. Por que um comunista? Por quê, Friedman? O seu espírito estava destruído. Clotilde, atendentes de lojas, esquerdistas e um “n” acabaram com tudo aquilo Germano achava ser o caminho da sua glória e de seu sexo.