Existência Oca
True Diablair
Tipo: Lírico
Postado: 24/04/16 00:30
Editado: 13/07/16 12:28
Tags: Niilismo
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min
Apreciadores: 8
Comentários: 4
Total de Visualizações: 1071
Usuários que Visualizaram: 17
Palavras: 220
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Se não aprecia textos com tom amargo e realista, melhor parar por aqui.

Intimista? Hell yeah... Até o âmago.

Música-Tema/Inspiracional: Hollow Life, by Korn

Capítulo Único Existência Oca

Madrugada.

Silêncio.

Imerso em si mesmo,

Concentrado na sensação

De que nada tinha importância

Ou mesmo sentido

Exceto as por ele concedidos,

Tentava encontrar outra forma

De pensar

De sentir:

Viu que era tolice.

Abrindo os olhos,

Observou ao redor

Transcendendo os limites

Tanto do tempo quanto do espaço

Através da memória,

Do conhecimento

E da imaginação.

Observou o mundo como um todo

Ponderando sobre as civilizações

Desde o começo

Até os dias de hoje.

Refez seus questionamentos:

Certeza intensificada

Da falta de nexo,

De propósito

Daquilo.

Ergueu o olhar

Fitando o firmamento

A vastidão longuínqua

A escuridão poluída

Que em tese deveria fascinar

Mas cuja extensão infinita

Arremetia ao infindável vazio.

Haveria justificativas ali?

Acima? Não.

Foi-se a época

Em que perdia seu tempo

Elevando a voz

A mente

O coração

A alma para o Céu

Em busca de respostas

Que nunca teria

Pois se houvesse algo

Olhando de volta,

Se limitava àquilo:

Olhar.

Só lhe restava uma direção:

Para baixo.

O chão duro e cinzento

Outrora terra e grama

O símbolo silencioso

Da única certeza da Vida:

A derradeira sentença...

Inquestionável.

Invariável.

Implacável.

Suas dúvidas

Sua busca

Sua angústia

Tudo se encerraria lá:

Sete palmos sob o solo

Envolto em madeira,

Trevas e silêncio.

Que assim fosse.

Até porque... Um dia seria.

Como é e será para todos.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Dedicado à Srta Joy, que me apresentou formalmente ao conceito de niilismo, dando assim denominação ao sentimento/pensamento que perdura no cerne da infância até, quiçá, o Fim.

Photo credit: Cayusa via Visual hunt / CC BY-NC

Apreciadores (8)
Comentários (4)
Postado 24/04/16 13:29

Não sei se entendi tudo, ou captei tudo, mas foi emocionante. Parabéns :D

Postado 28/04/16 05:30

Da forma como lhe vejo e pelo mínimo que lhe conheço, Srta Julih-chan, ouso dizer que foram feitas ambas as coisas...

Gratíssimo por ler, apreciar e elogiar! Gratíssimo!

Postado 24/04/16 16:42

Melhor coisa que a Joy fez foi te apresentar a esse conceito! Diab sumido do Hell você escreve muito!! *-*

Postado 28/04/16 05:35

De fato, Srta Flávia... É sempre melhor e proveitoso saber denominar aquilo que nos consome...

Eu nunca sumi. A senhorita não se deu conta disso ainda. E eu só me dei conta disso agora... Nem tenho palavras para lhe agradecer por isso...

Postado 25/04/16 20:00

Se eu fosse "professora de Niilismo" eu pegaria esse poema para explicar aos meus alunos. Grata de verdade pela dedicação. E que foda (ou não) me encontrar nesses versos.

Excelente.

Postado 28/04/16 05:44

Se fosse, não... A senhorita o foi. E pegou o conteúdo infinitamente superior advindo de sua mente privilegiada para ensinar a este simplório aluno o nome da chaga presente nos pensamentos e alma dele.

E ao que parece... Infelizmente, nos seus também.

Muitíssimo obrigado por estar aqui e na minha vida, ó Jovem Poder! De coração!

Postado 03/05/16 10:42

Às vezes, surge aquele nojo a tudo que és. Ainda que haja o vazio, contraditoriamente a náusea infiltra-se de uma forma excepcional. "Então a Náusea acometeu-me, deixei-me cair no assento, nem sequer já sabia onde estava; via as cores girarem lentamente à minha volta, tinha vontade de vomitar. E aqui está: desde então que a Náusea não me deixa; a Náusea apossou-se de mim." Talvez, não seja contraditório: é meramente uma consequência. Sente-se a vontade de dar um fim (como se houvesse um início). Vazio e náusea parecem andar juntos; alternam-se na velocidade da luz, sem justificativa, sem compaixão, sem aviso.

“Minha alma em chamas,

autocombustão.

O fogo que queima

é o mesmo que ilumina,

e fascina,

em silêncio.

Cinzas de mim,

é o que agora sou.

Fui da luz ao pó

e ninguém notou.

Permaneço em silêncio.”

Postado 04/05/16 01:53

Ó, Satã... Como responder adequadamente um comentário tão eloquente e, ao mesmo tempo, tão revelador e apurado acerca do que eu sinto, do que se desenvolve no âmago?

Me faltam palavras e capacidade para tanto, senhor Nacht... Entretanto, é com muita alegria (ou tristeza) que concordo com cada palavra e como elas se aplicam a este ser que sou eu. Que me tornei.

Só me resta, pois, humildemente agradecer ao senhor por ter prestigiado meu texto com sua leitura e feedback tão impressionante quanto belo e visceral. Pudera eu ser tão desenvolto em me expressar quanto o senhor.. Foi uma honra e aprendizado inensas!

Gratíssimo! Gratíssimo!

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