- Sabes, eu realmente não compreendo o amor de hoje em dia. - Disse Claire fechando a carteira do dinheiro.
- O que queres dizer com isso? - Perguntou-lhe Wallace segurando os dois gelados de chocolate na mão.
- O que quero dizer, Wall, é que a ideia de amar alguém ou de ser amado incomoda-me. De só me sentir completa quando encontrar a cara metade, e que sou apenas 50% de alguma coisa. Eu sou 100% Claire marca registada com tudo incluído. E não uma peça de uma fusão power ranger.
- Mas não achas bonita a ideia de encontrar aquela peça que transborda o teu mundo e torna tudo melhor?
- O que há de melhor em algo transbordado por outra pessoa? Não poderia ser eu mesma a fazê-lo, não? A querer com alguem transbordar os limites da minha existência. Não achas que, como seres humanos tenhamos essa capacidade?
- Hum, não sei. Acho que amar alguém transcende o amor próprio, é encontrar o paraíso no meio da confusão.
- O que há de mal na confusão? Qual a necessidade de estar sempre em paz com a vida e não sentir as emoções? E porque não encontrar essa paz e harmonia em nós mesmos? Somos assim tão ruins a amarmo-nos que precisamos de outra pessoa na vida?
- Então, o que é para ti amar, Claire?
- Encontrar alguém que é 100% marca registada dele próprio. Que não transborde sem mim. E que queira descobrir o mundo comigo e não obrigar-me a vê-lo nos seus olhos. Amar é encontrar alguém que viva connosco e não nos ensina a viver. Wallace, se a gente não se consegue amar, como podemos amar outra pessoa?
- Acho que os defeitos dos outros são mais perdoáveis que os nossos próprios.