Narciso
Lucia
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 18/04/16 19:56
Editado: 18/04/16 20:04
Gênero(s): Drama Fantasia
Avaliação: 9.73
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 11
Comentários: 5
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Palavras: 274
[Texto Divulgado] "Não Pare de Olhar" Uma mulher, isolada em seu apartamento, começa a acreditar que está sendo observada por alguém no prédio em frente. A paranóia começa a crescer levando o limite entre sanidade e loucura se tornar cada vez mais tênue.
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Narciso

A figura refletida no lago acalentava seu coração e ao mesmo tempo a figura que se contemplava acalentava a outro coração.

Narciso tinha o poder ou talvez a maldição de pertencer a si próprio. Eco já não tinha tanto azar ou sorte, pois, pertencia a Narciso como Narciso se pertencia. A cabeleira agraciava aos dois, era belo como se movimentava como uma serpente ao vento. Os cabelos de Eco moviam-se como uma chama no seu auge, porém ninguém o percebia como Narciso.

Narciso era muito mais do que apenas um reflexo de si mesmo; mais do que sintomas narcisistas, e Eco o enxergava como o verdadeiro. Eco era muito mais do que apenas ecos ao tempo, era a personificação do amor que Narciso esbanjava de si próprio, porém Narciso não a enxergava como a verdadeira Eco.

Narciso, como o próprio narcótico, embriagava-se com a forma com que os lábios e corpo mexiam-se conforme a imagem refletida. Era incapaz de ficar confuso sobre o que acontecia; enxergava-o como outro. Como Eco enxergava-o.

Coexistiam em um mesmo tempo e espaço, porém não compartilhavam de noções reais sobre o que acontecia. Eco sabia que seus ecos não poderiam salvar Narciso de perder-se em si mesmo e Narciso desejava entregar-se de boa vontade a si próprio, assim como Eco desejava entregar-se a ele.

Foi incapaz de ajudá-lo quando a forma bela deslizou para dentro da água em busca de respostas e sentimentos recíprocos e em seu lugar havia apenas uma flor solitária, assim como o próprio Narciso.

Eco desvaneceu-se em pedra, fadada a ecoar os últimos sons e soltá-los ao vento.

Assim como Narciso, Eco perdeu-se de amor.

❖❖❖
Apreciadores (11)
Comentários (5)
Postado 18/04/16 23:39

Como você já tinha falado, o meu Narciso é um complemento do seu. Afinal, eu fiz o meu depois de ler esse. Acho que o meu é como se fosse um pensamento da Eco... Ou algo do tipo, não sei ao certo! x.x (Nem sou uma pessoa confusa, imagina!)

É realmente um belo texto. Arrisco dizer que é o melhor que você já escreveu! Parabéns, Hyu! <3

Postado 18/04/16 23:46

O meu Narciso é raro e diferente, teu Narciso é conceitual <3

Acho q é o único tema que eu consigo realmente me inspirar. Esse Narciso é quase tão bom quanto o outro, quase.

Obrigada por estar sempre comentando meu flops <3

Postado 18/04/16 23:51

Quase mesmo, tenho que adimitir!

Já vai começar com esse lance de flop denovo? É serio? Affffu

Postado 04/05/16 04:32

Eu também me encontro encantado pelo seu talento descritivo/narrativo, Srta Lucia... É deveras fascinante como seu texto flui de modo suave aos olhos do leitor, que sem dificuldade compreende a situação trágica de Narciso. Nåo poderia haver outro desfecho senão o fatítico mergulho em busca...

EXCELENTE!

Uma vez mais, meus parabéns!

Atenciosamente,

Alguém que odeia a sim mesmo, Diablair...

Postado 06/05/16 16:26

Diab <3

Nem sei o que falar perante a tantos elogios da sua parte, só agradecer por ter tirado um tempinho pra ler meus flops.

Muito obrigada <3

Postado 12/12/17 02:05

Eco e Narciso podem se personificar em muitos casais de hoje em dia. Dentro de algumas relações, sempre haverá um Eco, disposto a amar incondicionalmente; e um Narciso, que não vê nada além do próprio reflexo. Isso pode mostrar, porque muitas pessoas desistem de amar. Não se pode amar alguém que não enxerga nada além de si mesmo; não se pode amar sozinho.

Às vezes essa situação nem precisa acontecer dentro de um relacionamento. Muitas vezes, ela acontece quando uma pessoa gosta de outra que não gosta dela. E é aí que temos o famoso coração partido.

O problema de ser Eco, é conseguir ver além do que os olhos mostram e sentir profundamente. O problema de ser Narciso, é não ver nada de fora, apenas de dentro.

Nesse caso, os opostos não se atraem, somente se afastam. Entre eles existe um abismo de diferença e de características que não batem. Ambos são inalcançáveis pela forma como vêem o amor: um ama o outro profundamente. O outro se ama profundamente.

Ah, só os céus sabem o quanto amei essa obra. Me desculpe se falei alguma besteira.

Te parabenizo muito por compartilhar uma obra dessa magnitude conosco ❤

Postado 20/08/20 23:27

Lucinha do Céu... Eu não consigo me perdoar por nunca ter lido esta obra antes... Isso me tocou profundamente, penso que meus romances (até mesmo o atual), é como a história de Narciso e Eco, mas eu sempre possuo as duas formas, ficando então impossível coexistir com eles dentro de mim... Ainda assim, o amor de Narciso por si só, é puro e belo, enquanto Eco... Bom, Eco só se fode... É lindo existir em um mundo aonde sua mente e os seus talentos existem... Sua descrição de cada cena, sentimento e sensação é única e majestosa!

Obrigada, amorzinha, por me fazer viajar no tempo com sua história, mais bela, visceral e dura, impossível!

Love hurts. É o que dizem.

Parabéns, como sempre, por ser única ❤️

Postado 05/10/20 21:56

Meu Deus, Lucia, que texto magnífico é esse. Eu amo Mitologia Grega, e vê-la refletida em um texto é exuberante. O seu texto aborda com fidelidade a lerda de Narciso, mas recontando de uma forma totalmente discernida.

Isso nos faz refletir tanta coisa. Quantos Narcisos não encontramos por aí, presos em suas próprias imagens caóticas e subjugando na mente o fato de ser único e especial. Por outro lado, quantas Ecos também não se submeteram e entristeceram com a vaidade descontrolado de Narciso?

É um perfeito resumo de muitas histórias ainda presentes.

Parabéns pelo brilhante texto, Lu ♡