Em um antigo estacionamento de um grande shopping, quinhentos homens estavam ajoelhados, completamente rendidos e na espera da sentença final. Ao lado de cada homem, havia igualmente uma mulher, as quais tentavam mostrar desesperadamente que eram semelhantes, para serem salvas, àquelas que as reprimiam. O céu estava cinzento, o vento soprava forte, a temperatura estava baixa. O mundo inteiro parecia ter padecido, já que toda a atividade humana tinha sido aniquilada. Os gigantescos arranha-céus, os velozes automóveis, os floridos parques, os diversificados zoológicos perderam seus propósitos após os ataques violentos do grupo de seres autodenominados como superiores e conhecidos por toda a Terra como Feminazis.
Em um plano elaborado por décadas, esse grupo reuniu milhares de adeptas a sua causa utilizando como aliados o extremismo instaurado na sociedade e o anonimato das redes sociais. Outros vários grupos extremistas tentaram o mesmo, mas a organização das Feminazis era maior. Em poucos anos, o grupo contava com milhões de militantas, dispostas a dar a própria vida por um ideal maior. Com tudo definido, começaram o ataque repentinamente. No primeiro ato, atacaram os homens heterossexuais, após atrai-los a centros de extermínio, que eram vendidos como malocas regadas de carne, cerveja, futebol e buceta. Metade da população masculina tinha sido exterminada em um único golpe. A outra metade foi aniquilada em ataques menores e sequenciais, que envolviam desde tiroteios a doenças sexualmente transmissíveis. As mulheres que não aderiram às causas defendidas pelas Feminazis também foram perseguidas e foram vítimas de inúmeros ataques. Os dois mais conhecidos aniquilaram bilhões de vidas com muita brutalidade e eficiência. O primeiro ataque foi voltado a todas as mulheres que usavam sutiã e depilavam as pernas e as axilas. O segundo ataque exterminou todas as mulheres que louvavam um homem, como as religiosas que se curvavam diante a um Deus.
Além das Feminazis, haviam apenas mil pessoas vivas na Terra. Mas isso estava para mudar naquela fatídica tarde de inverno, em que o grupo superior e por muito tempo oprimido iria executar a última etapa de seu maquiavélico plano. Na noite que adentraria, somente quem tivesse peitos expostos, vaginas secas e pernas peludas poderiam contemplar o luar. As almas ajoelhadas já estavam conformadas com o fim da vida de seus corpos, que continuavam a se debaterem, numa falsa esperança de fuga, quando começara ao ouvir palavras de ordem entre as militantas do grupo. Todos os condenados voltaram seus olhos ao enorme palanque montado no fim do estacionamento e sentiram que já tinham chegado ao inferno. A imagem daquela criatura gigantesca que se arrastava sobre o palanque e era ovacionada por todos os seres superiores era traumatizante e horripilante. Só o diabo poderia ser pior daquela massa gorda, repleta de pelos e de odor putrefato. A rainha das Feminazis finalmente tinha aparecido e daria início ao ato final. Parou no centro do palanque, pegou com sua mão de unhas curtas e sujas de terra o microfone, abriu um largo sorriso e disse:
— Eu sou a mãe do Ricky!
— Porra, Alex! Porra! Pra que estragar a história do Gabriel?!
— Hahahaha! Relaxa, cara! Estamos aqui no bar desfrutar o fim do dia. A história do Gabriel merecia um final assim.
— Ah! Vão se foder, vocês dois. Certamente que inventaram essa história só pra falar da minha mãe.
— Óbvio que não, Ricky! Eu e o Alex jamais dedicaríamos tanto tempo para falar da tua mãe, aquela baleia obesa! Hahahaha!
Os três amigos tinham o costume de se reunir no Bar do Zinto todas as quintas-feiras para tomar uma cerveja gelada e tirarem sarro um com o outro. Gabriel se inspirou nessa história após de ver no noticiário que um grupo de mulheres nuas tinham invadido a Universidade Federal de Pelotas em protesto a opressão que sofriam. Achou curioso elas se masturbarem na entrada da universidade e impedir a entrada e a saída de quem fosse como atos de protesto. Gabriel não teve dúvidas que podia criar uma boa história para tirar com Ricky. E de fato, Gabriel nunca esteve tão certo.