A empregada veio até o escritório do escritor. E disse a ele:
- Tem um homem aí na porta querendo falar com você.
Ele coçou a nuca, pensou, não ia parar o que estava fazendo. Disse para a empregada:
- Diga que eu não estou podendo atender.
E lá foi ela. Coitada, ela às vezes se cansava de ser empregada de escritor. Esses homens que escrevem são excêntricos. Mas deu o recado que ele pediu.
O visitante que acabou não se identificando foi embora. O tempo passou. O escritor acabou sua tarefa, estava escrevendo uma curta estória.
Veio a tarde se iniciando. O sol agora era mais ameno. O escritor foi se sentar na varanda. Ficou lá àtoa. Nisso se lembrou da canção popular que dizia:
"Estava à toa na vida..."
E pensou que o compositor Chico Buarque tinha tido uma idéia, a de colocar um coloquial musicado para o nosso deleite.
Ele, o escritor, coitado, nunca fizera coisa parecida. E nunca iria tentar. A arte a que se dedicava era a escrita.
E aqui ele conclui. Conclui como? Pense leitor.
Enquanto o leitor pensa, eu me atrevo a dizer:
- O lugar da escrita é diferente: é na livraria ou na biblioteca, agora também no computador.