Acordei hoje de muito bom humor. Me pus a pensar na vida. Eu tenho uma empregada que se chama D.Zózima. Me levantei e fiz a minha higiene pessoal. Logo ela chegou para trabalhar. E já começou a trabalhar.
Eu estou aqui, como podem ver, escrevendo. E me lembrei que nalgum lugar eu disse que os mais humildes me são mais fáceis de conviver.
Não que eu tente deles abusar, em qualquer sentido. Pelo contrário, podendo favorecê-los, lá estou eu. E não sou nenhum herói. Como as coisas estão todas liberadas, ao menos na aparência, eu faço a minha parte. Controlo-los aqui dentro de casa. E não são difíceis de lidar. D. Zózima tem religião e leva muito a sério isso.
E no mais eu nem preciso falar nada com ela. Sabem o que ela me disse:
- Eu sei o que posso fazer e devo fazer. E o que não posso fazer.
Eu a observei durante algum tempo, e ela sabe mesmo.
Agora, vou falar um pouco de mim. A minha situação é praticamente confortável. No princípio eu tive de me adaptar. Mas hoje eu nem me lembro de que sou divorciado. Eis uma maneira de lhes dizer.
Pois é, um divorciado e uma empregada. Ela não me cria caso nenhum por isso.
Agora, ela gosta de ver o noticiário televisivo. Claro, na televisão estoura um ou outro caso de preconceito. Preconceito sobre qualquer coisa. E no final ela diz:
- Graças a Deus, eu trabalho numa casa de família.
Deixei-me explicar:
- Eu vim para cá com minha mãe. Que era viúva.
E que antes de morrer, pediu a D.Zózima:
- Olha, Zózima, cuide bem do meu filho.
Agradeço a Deus e a minha mãe. Porque realmente minha mãe e eu fomos uma família.