Na verdade diziam no meu tempo de estudante: Devagar se vai ao longe. Eu não tive essa frase como lema. Mas hoje, um pouco mais velho, vejo que ela tem um tanto de verdade. E sabem porque? Porque eu mesmo ando é devagar. E quero dizer ando devagar com o meu escrever. Escrevo um pouco aqui e outro tanto ali. E vou fazendo uma obra. Obra pequena, mas significativa para mim. E eu não quero ser de maneira alguma um desses monstros sagrados da Literatura.
E sabem porque? Os monstros sagrados da Literatura têm a sua glória, decerto. Mas chega a um ponto o ofuscamento que causam nos mais novos, que quando caem ninguém se lembra deles. Alguns deles sabem cair sem cair em desgraça. Caem mas caem como clássicos. E são poucos estes. Para citar um caso real, vou nomear um clássico do modernismo: Carlos Drummond de Andrade. Que não caiu no olvido. Eu mesmo o leio até hoje.
Mas deixemos isto de lado, e voltemos ao meu caminho. O meu caminho foi feito com vagar e com um e outro momento que levou os outros a pensarem em minha glória. Foram os momentos em que recebi prêmios pelo que escrevi. Claro que não os esqueço. Na hora o que senti foi um tanto minha vaidade ser afagada. Mas, passou.
Me mudei para o interior. E aqui eu encontro pessoas a quem digo:
- Eu não quero ser o número um. Quero ser apenas mais um.
E acho que já sou mais um. Mas tudo isso é vaidade. Eu estou aqui escrevendo e me lembrei que devagar se vai ao longe. É que vinha devagar da copa para o meu quarto. E pensei:
"Você tem que escrever ainda hoje na ACADEMIA DE CONTOS".
E venho e faço esta crônica de mim. E penso que se colar, colou. No mais ganho aqui em vida tranquila.