O quase nada.
Eu estava arruinando tudo, eu só não sabia o por quê.
Sendo fria sem querer, sem notar, e ainda sim notando uma diferença em mim inexplicavel, mostrando indiferença, mesmo que essa não fosse verdadeira, tudo numa tentativa tresloucada de me convencer de que estaria melhor sem minha companhia. Eu estava no completo escuro de duvidas e medos, que agora se tornara a unica coisa que eu conhecia nos ultimos dias, quando falava com você, desejava que acabasse com aquilo, não por não sentir, mas por que sentir que te arrastava para o limbo.
Eu fazia isso não por que eu não te amava, mas por que algo dizia que eu iria falhar com você de tal modo que, jamais poderia concertar.
Mas você insistiu, insistia todos os dias, me tratando na palma da mão como nos ultimos dois anos, tentando entender para onde foi aquela menina apaixonada, doce e que queria um futuro com você, ela existia, mas estava perdida e no escuro.
Foi quando me convenci que precisava te afastar de mim, das minhas expectativas, e então comecei a correr de você, você ficava triste todas as noites quando eu não dizia que te amava, quando eu mentia pra mim, dizendo que não amava mais.
Mas você segurava minha mão espinhosa, sangrando a si mesmo se isso significasse um sorriso meu, e as vezes, eu quase me tornava a sua mulher de novo por causa disso. Sempre fui, só estava assustada com o futuro, eu criei tanta expectativa, mais do que você, e o medo daquilo não ser concretizável fez eu me tornar alvo das minhas sombras mais funestas.
Foi no dia 25 de janeiro que senti que finalmente você desistiu, desde o começo da manhã, você estava diferente comigo e eu que deveria finalmente me sentir bem com a idéia, senti uma pressão no peito. Eu queria o longe, mas ainda sim, sua ausencia me doía como nunca antes.
Eu nem sabia o que eu queria. Eu só queria um abraço e um certeza.
A certeza que tudo daria certo com a gente, essa ansiedade me matando todos os dias...
Numa noite como aquela, tentei recuperar quem eu era, mas então li seu texto enorme que eu sabia que era o prenuncio de uma tragédia, você desistiu.
Agradeceu por tudo, sentiu a dor lascerar você, e essa por um acaso, lascerou a mim mesma.
Eu li aquilo, não chorei uma lágrima sequer, senti o coração bater tão forte que se irrompia contra minhas costelas, mas prometi nunca chorar, você estava fazendo isso por nós dois.
Mas foi nesse dia que descobri que nunca quis que fosse embora, então, por alguma razão, eu fui egoista em não te deixar ir, só dessa vez.
Será meu ultimo ato de egoismo, prometo.
Mas serei totalmente egoista e cruel em te manter comigo, pois no meio do nevoeiro de lágrimas e a quase perca, foi quando finalmente voltei a ser eu mesma, e retornei parcialmente para a luz que estava tão distante de mim todo esse tempo.
Conversamos, muito, gastei toda minha energia para te entender, para me perdoar, para tentar convence-lo a nunca pedir perdão a mim, e então consegui fazer você enxugar os olhos e sorrir naquela noite, foi só ai que senti sono. Como se agora Deus pudesse me dizer que eu podia dormir, e que tudo era como antes.
Eu não sei se consigo concertar esse vaso rachado, quase quebrei-o em mil pedaços, e assim você fez também, acho que somos especialistas em concertar um ao outro.
Ainda penso se deveria ter de deixado ir embora, algo me diz que vou falhar, mas você me fez prometer nunca mais pensar algo assim de nós de novo. Você me escolheu sabendo que eu era uma flor espinhosa, e eu o escolhi sabendo que havia rachaduras em você. E está tudo bem, foi a unica escolha que tomei por mim mesma desde que nasci.
Então recomeçamos;
"Oi, tudo bem, prazer em conhecer, você quer ser minha de novo?"
Eu aceitei.
Só espero do fundo de minha alma tão dividida, não passar por isso de novo, bem, eu deixaria você ir, sabe disso, eu o odiaria fazer provar de um veneno duas vezes.
Mas agora, só quero construir, reconstruir, ver você crescer, tentar crescer ao seu lado.
Eu percebi que amava você a ponto de deixa-lo ir, e ainda sim, amo mais ainda a ponto de ser completamente mesquinha só para ter seu sorriso todos os dias.
E foi quando o quase nada, o quase vazio, se preencheu novamente.