Hoje, inauguraudo já o Ano Novo de 2025, eu me lembro. Eu me lembro de que há dezoito anos chegávamos aqui. Aqui, esta cidadezinha qualquer de Minas. Eu vinha e trazia meus livros. Já não se conspirava contra os livros. E eu sorria feliz. E sou feliz ainda hoje. Li por estes dias que um homem deve entender o verdadeiro sentido da existência. Eu o digo, e alguém deve estar pensando em me perguntar:
- E você entende qual é?
Eu direi francamente:
- Depende da idade do homem na face da Terra.
E digo mais peremptoriamente:
- Na minha idade, eu entendo a vida só comigo escrevendo. Entendeu?
E o alguém vai ficar perplexo. Por que? Porque somos milhões de seres sobrevivendo na face da Terra. Milhões de existências humanas. E para cada uma dessas vidas a vida faz um sentido. E foi nesse ínterim que conheci uma pessoa curiosa. Ela veio porque eu precisava dela. Ela veio tratar o trabalho de doméstica que eu solicitei a ela. E ela foi ficando, eu vi nela a perfeita doméstica. E hoje ela me perguntou se eu já ouvira falar de Marco Aurélio, um pensador acho que romano. Essas coisas nela são comuns, e surpreendentes. E perguntei a ela um dia se ela lê. Ela me respondeu:
- Sempre que me sobra tempo.
Não foi só essa faceta dela que eu conheci. E aos poucos compreendi que se tratava de uma pessoa diferente. Dessas a quem se deve dar um valor diferente. E vim conversando desde então muito com ela. E posso confessar hoje, com ela eu aprendo sempre algo.
E não vou dizer que minha curiosidade sobre a alma humana nasceu com ela. Eu trago na bagagem uns estudos de Filosofia. E assim vou dizer:
- Devemos dar valor aos nossos empregados.
E não me retruquem com tolices. Uma canção popular nossa diz:
- "Com os erros do meu português ruim..."
Para me fazer comprender, a sabedoria do nosso povo aí está. Bebe-se dela quem quer.