Estou aqui pensando. Preciso escrever algo. Claro, eu sou um escritor. Mas, penso, escrever sobre o que? Então resolvo, a minha atualidade.
A minha atualidade é o meu hoje. E venho de um divórcio. Conheci uma garota bonita e vou sair com ela hoje. Foi o que eu disse. E me arrumei todo. Estou contente comigo e tudo o mais. E assim vou vivendo minha atualidade.
A escrita me flui. Não vou dizer o nome dela, da garota bonita. E isto foi há nove anos atrás.
Hoje, eu e a garota bonita estamos noivos. Ela vive me cobrando. O que? Que eu me case com ela.
Desta garota eu não quero me desligar não. Então vou até a casa dela. E peço-a em casamento. É uma festa. E o meu coração também festeja.
Mas, vamos devagar. Noivado não é casamento. Mas um grande passo foi dado. E depois da festa eu me pego pensativo.
Ela se aproxima, e pergunta:
- Pensando em que?
- Em nós.
- Em nós? E o que pensa?
- Pedido de casamento é coisa séria. - Eu respondo.
E selamos tudo com um beijo. E eis que estou aqui. Noivado desfeito. Pedido de casamento por água abaixo.
E todo dia o meu telefone me liga.
Eu atendo:
- Até que enfim, atendeu.
- Ô, é você, está bem?
- Claro que não.
Não adianta. Não desligo, ela sabe que estou em casa. Daqui a pouco estará aqui.
Penso em algo. Nada me ocorre. E o telefone toca. Eu atendo:
- Ah, é você de novo?
- ...
- Sou eu, você me paga, tá pensando que é brincadeira.
E a minha atualidade, estou preso, laços de amor são os que me prendem.