Tinha acabado de comprar um automóvel. Olhava para a máquina e se extasiava. Achava-a bela. Resolveria seu problema.
No outro dia estava ao volante. Para treinar. E assim foi durante bom tempo.
Ele fez uma festa quando tirou a carteira de habilitação. Agora podia circular pela cidade à vontade.
E em pouco tempo estava acostumado com aquilo. Abria a garagem e saia com o carro. Não gostava de imprimir velocidade à máquina.
O carro, chegou a hora de trocá-lo. Quem pensa que um carro não envelhece, pensa errado. Então foi a uma agência.
E lá vendeu o carro. E lá mesmo olhou um zero km à altura do que podia gastar. E saiu da agência com um carro novo.
Sorria muito, estava satisfeito.
E uma hora, quando estava em casa, foi se banhar. Tirou a roupa no banheiro. Parou um pouco diante do espelho da pia.
Se olhando formulou a frase:
- Eu posso trocar de carro, mas a mim só posso me tratar. E mesmo assim achou-se mais velho.
E no fim, depois do banho, foi para o quarto. Realmente nunca fora bonito. Mas como as pessoas diziam:
- Você está conservado!
E isso era muito bom. Então deu graças a Deus. E se vestiu. Foi para a garagem. Saiu de lá com o carro.
Se não se encantava consigo. Se encantava com o carro. Existencialmente era isso que lhe acontecia.