A viagem da capital para ali tinha sido rápida. Ali era o local que ele escolhera para viver dali em diante. E o local que ele escolhera era uma cidade do interior. Numa cidade do interior ele se sentia ele mesmo. A casa que ele escolhera o esperava. Foi até a imobiliária e pegou as chaves. Assinou os documentos lá. Ele era o proprietário do imóvel. E quando já no interior do imóvel fechou a porta por dentro.
Olhou ao redor, a casa estava toda mobiliada. Os móveis que ele escolhera, poucos e sem luxo. Apenas combinando com o conforto. O pouco cansaço que ele sentia ele o despejou na cama ao deitar-se.
Dormiu um pouco, como um justo. Afinal tinha se aposentado.
E foi até ao escritório da casa, lá estava sua pequena biblioteca e a mesa de trabalho. Um computador pessoal e abriu a janela. O fluxo de ar penetrou e arejou o cômodo. Ele se sentiu leve.
E então pensou numa expressão de que gostava. E que era: o estar no mundo. E qual era o seu estar no mundo naquele momento?
- Sinto-me feliz no mundo - respondeu a si mesmo e saiu do escritório e foi para o quarto.
No quarto deitou-se na cama com um livro nas mãos. Aberto. O livro ele pegara nas suas próprias estantes. E pôs-se a ler. Já não estava cansado. E leu com prazer.
Depois deu umas voltas pela cidade. Algumas pessoas o cumprimentaram. E os dias se passaram.
Ali, no interior, para ele, os dias passavam muito rápido. E foi vivendo assim. Não teve dificuldades de adaptação.
E certo dia se pegou como era. E disse de si para si mesmo:
- Este sou eu, um homem do interior.
E falou novamente:
- Exato, eu sou um homem do interior.
Leitor, não confunda com homem interior. O que o homem quis se dizer foi: eu sou um homem do interior.