Lá ia para o trabalho. Sacolejando dentro do ônibus. E o ônibus, a um sinal meu, pára e eu desembarco. Entro no prédio onde funciona o meu local de trabalho. Levo comigo minha pasta com meus livros. Chego a minha sala. Ou melhor, à sala onde trabalho. Tenho lá meus colegas de trabalho, E lá trabalha conosco uma moça. Já cedo a chefe me dá serviço.

Com todo o prazer eu executo a primeira tarefa. E tenho então um primeiro descanso. Até a chefe me dar outro serviço. Abro a pasta e dela retiro um livro. Que leio. É um livro de Filosofia, uma das paixões da minha vida. Claro, estou no trabalho, e não consigo prestar toda a atenção que o livro merece. Vou lendo devagar.

E recebo das mãos da chefe a segunda tarefa do dia.

Que executo com prazer. Claro, tem que ser com prazer, pois o que faço ali me garante a sobrevivência.

E é vencido o primeiro turno de trabalho. Saio para o almoço. O patrão me dá folga por duas horas. O emprego é bom. Graças a Deus!

E volto ao trabalho. Os meus colegas conversam, eles gostam de conversar. Eu estou ocupado com meu trabalho.

Na primeira folga lá estou com o livro aberto. Um dos colegas brinca comigo:

- Garrou ler, morreu.

Ninguém ri, contudo. O colega que brincou se vai. Eu não ri porque ouvi a piada muito rapidamente. Mas agora que narro, penso, a piada é mesmo sem graça. Mas prá lá. Talvez por educação eu devesse rir.

O segundo expediente termina. Saio do prédio onde trabalho. Espero outro ônibus que me deixa na faculdade. E oro baixinho: Deus existe e eu sou feliz.