Vinha caminhando pela calçada. Andava devagar. Apoiado em sua bengala. Sabia que a qualquer momento teria que enfrentar os carros. E, de repente, o sinal fechou. Os automóveis pararam. Ele estava ali, em pé, parado. E, então olhou e viu o sinal fechado. Voltou a caminhar.
Tinha que atravessar a rua. Não pensou em nada. Caminhou. Era um idoso, ali, sozinho. Não ia acontecer nada. Então, seguiu.
Um passo e outro. A bengala ia acompanhando os passos dele. Claro, era um idoso ele.
Caminhou devagar até alcançar a outra margem da rua. E enfim, vitória, chegou ao outro lado. Parou um instante, apoiou o corpo na bengala. Respirou fundo. Conseguira.
E então veio um jovem:
- Ôi, vô. Precisando de ajuda?
- Não, meu jovem.
E o jovem seguiu em frente. Ele olhou:
O jovem ia com seu aparelho celular. Ele disse:
- Esses jovens!
E ele também seguiu em frente. E se lembrou;
- É, eu também já fui jovem.