Há coisas que acontecem. Hoje eu posso falar. Foi há muito tempo. Em primeiro lugar, eu estava quieto em minha casa. Ela chegou e foi entrando. E quando eu vi, ela estava sentada ao meu lado. Claro, ela queria alguma coisa comigo.
Mas, eu fiz que nem notei. Ela viu que era chegada a hora de se ir. Se despediu com maior ênfase de mim.
Eu fiquei ali pensativo. Ela tinha alguma beleza. E porque se insinuara tanto. Se insinuara tanto que fora evidente. E eu sabia onde ela morava.
Um dia eu não resisti. Fui até ela, na casa dela. Ela lá estava, jovem e sorridente. Um irmão dela se aproximou de nós:
- Quer que eu dê conta do recado?
O recado, eu notei, era ela ficar livre de mim. Não precisava de mais, me despedi. E ainda ouvi o irmão dela dizer:
- Viu, eu não te falei! É só a gente ameaçar.
E ela, a ele:
- Ora, seu tolo! Ele é coisa minha, será que eu não posso me apaixonar?
- Oh, eu não sabia que você era afim dele.
E assim ela encaminhou as coisas na casa dela. Eu é que pensei: por mim chegava. Ela não demorou, foi me esperar na saída do meu emprego. E de lá fomos para minha casa. Eu morava com familiares. Chegando, eu perguntei a ela:
- E aquele seu irmão?
- O que tem?
- Não se faça de boba!
- Está certo, ele não vai mais incomodar.
- Como tem certeza?
- Eu falei com ele.
E passamos um bom tempo distante do irmão dela. Até que ela me pediu para levá-la até a casa dela. Eu a levei. E o irmão dela:
- Ora, me desculpe você - se dirigindo a mim.
E dizendo a ela:
- Eu é que não vou contar para ninguém.
Mas ficamos, eu e ela, por aquilo. Ela me perguntou:
- Homem e mulher. O que você pensa desse relacionamento?
- Eu não penso nada. As coisas acontecem.
- O jeito é assumir.
- Então, tchau!
Eu me pus a caminhar. Em direção a minha casa. No caminho eu pensava:
- Verbos, no nosso tempo o verbo mais usado é mesmo assumir.
Passaram-se tempos. E me veio ela:
- Trago um presente para você: fiz um poema lembrando de nós.
E eu definitivo:
- Então, adeus.
- Não é tchau? - indagou ela.
- Não, é adeus mesmo. - respondi.