O homem que era escritor estava tomando o café da manhã. Batem à porta, A empregada atende. Era o carteiro que entrega uma carta. O escritor interrompe seu café e abre a carta. O envelope traz um diploma. A Academia de Letras confeccionara um diploma por um trabalho dele. E o remetera a ele.
Ele se alegra. E pensa:
- Assim que eu acabar esse café, vou tomar um banho.
E olha ao redor. Hoje é um homem feliz. E na sua felicidade pensa:
- É verdade, Deus recompensa a quem tem fé.
E ele se dizia que tinha fé, muita fé. E pensa um instante em como seria sua filha. O leitor se pergunta:
- Que filha?
Eu, o autor, respondo: o escritor há muito tivera uma aventura amorosa. E a mulher que ele julgara amar lhe dissera que tivera uma filha dele.
Hoje, quando ele pensa nisso, ele não sabe o que pensar a respeito. No século XXI as pessoas têm uma capacidade de inventar casos. Ele procura pensar noutra coisa.
E é o que faz. Afinal quando pensa em amor...
Isso, quando ele pensa em amor ele se diz:
- Terei sido capaz de amar na minha vida?
Ele já está acostumado. Seu julgamento sobre si mesmo é assim mesmo. Severo.
Levanta-se, tendo acabado o café. E vai tomar banho.
- Será que a mulher inventara que tinha uma filha dele?