Foi numa ceia de Natal. Lá estava ela. Eu tinha sido convidado. E assim compareci. Ela me viu primeiro e veio me cumprimentar. Apenas me cumprimentar. Eu pensei:
"Ela ainda se lembra de mim!"
Ali fiquei, contente, é claro. Mas como sei me comportar, não me movi. É óbvio que a cumprimentei também. E ela se foi para junto do marido dela. Que agora ela estava casada. E a mim me invadiu uma alegria desmedida. E sem mover um músculo do meu rosto, revivi os tempos em que a amei. Não a amei carnalmente, de maneira alguma. Eu e ela éramos jovens demais. E namoramos durante algum tempo.
Mas logo terminamos. E veio que uma irmã minha estava lá e casada com um irmão dela. E eu me encontrei novamente com ela naquela ceia. Ela não resistiu e me disse:
- Sua irmã fala, hem!
Eu que conhecia minha irmã bem, fiquei calado. Imaginando o que não tinha falado minha irmã. Mas não me importei. Ela estava apenas se rindo um pouco de mim. E eu imaginei o quanto minha irmã a colocou a par das última notícias sobre mim. E acabei me rindo.
E então me disse:
- Mulheres, elas são assim.
E ela vendo um sorriso nos meus lábios, se aproximou e perguntou:
- Do que ri?
- Rio-me eu de quanto tempo dura um amor.
- O nosso?
- Que seja.
- Pois seu bobo, eu amo meu marido.
- Mas não se esquece de sua vida.
- Naquela época eu era menina.
Vendo que ela falava sério, eu disse:
- Não esquente a cabeça, eu também era muito novo.
- Então você também se lembra?
E acabou a festa de Natal. Passado algum tempo, minha irmã me veio e disse:
- Sabe a minha cunhada?
- Sei, ela sofria com um câncer.
- Pois é, agora morreu.
Eu me entristeci. E aqui estou triste até hoje. E claro aquele amor não acabou.