E então você se dá conta
Do quão medíocre
É a sua existência
Do quanto essa sensação
De não-pertencimento
Permeia seu âmago
Ao ponte de não se sentir
Bem em lugar nenhum,
Do quão pesada está
A sua consciência
Por causa de cada erro
De cada omissão
De tudo o que resume
De tudo o que compõe
A sua própria “vida”.
E então você se dá conta
Que, exceto por uma tarefa
Pela última pessoa
Que ainda te resta,
Não se importaria que
Tudo simplesmente acabasse;
Seria como se nada demais
Tivesse acontecido, afinal.
E então você se dá conta
Do quanto se perdeu
Do quanto se destruiu
Do quanto foi desperdiçado
E do quanto tudo isso custou
E ainda está sendo cobrado.
E então você se dá conta:
Todas as águas realmente
São cor de afogamento
Agora que suas lágrimas
Inundaram sua alma
Submergindo seu coração
Tão mofado e infeliz
Com o mais puro
E o mais escuro
De todos os vazios...