Ainda não sei se você vale um poema
Mas compusemos uma música
Juntos ontem
Sai dos meus lençóis azuis
Da zona leste
Para ir para os seus celestes
Na zona sul
Você tem um cheiro arrebatador
E lábios tão viciantes de beijar
E mãos que confortam o meu rosto
E me causam arrepios mortais
Como uma faca na jugular
Seus olhos ancestrais
Tão escuros fitam
O futuro claro, nos meus
Seu sorriso e a marca dele
No seu rosto
E a textura da sua pele
Me deixam acordada
A noite toda
Pensando nos perigos eminentes
De te deixar entrar aqui dentro
Da minha cabeça
O pior dos melhores lugares
Para se estar
Seu cabelo crespo macio
E sua tez preta brilhante
Sedosa, lisa e tatuada
Me faz tremer só de pensar
Em te tocar de novo
- Fala "duvido"
Você me perguntou
Se já pode se acostumar
Com tudo isso
E eu disse que
Não sei, mas esperava que sim
Queria ter dito que sim
Sem ter hesitado
Às vezes os medos que se
Escondem em minhas vírgulas
Parecem ser um erro...
Mas eu me deito sobre o seu coração
E você envolve seus longos braços
Ao meu redor
Me provoca como ninguém antes fez
E me tira as melhores notas
No balançar da cama
E das paredes
E dos lençóis
Você diz coisas e coisas
Como dizem todos os homens
E promete e brinca
Como eles já fizeram também
Já me fiz essa pergunta
Tantas vezes e tantas vezes
Esse ano, nos últimos segundos
- Posso acreditar em você?
Ou vai se cansar de mim
Em duas semanas ou menos?
Mas, o que me pega é
Que você sorri matreiro
E me encara a alma
Como se já soubesse de tudo
Que virá a ser
Devo temer?
Tome cuidado com meu coração, homem
Que eu tomo cuidado com o seu
Você me cativou surpreendentemente
E não é amarração, você diz
É apenas o fato de ser
Genuinamente intenso
E simplesmente, você
Ainda não sei se você vale um poema
Mas entre as minhas inseguranças
E ansiedades
E medos e traumas
E desesperos e desejos
De viver uma vida tranquila
E deliciosa ao lado
De quem se encantou por mim
Primeiro,
Esse já é o segundo poema
Secreto que te escrevo