assombrações imaginárias
6 de Janeiro
Tipo: Lírico
Postado: 18/09/24 11:18
Avaliação: Não avaliado
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Palavras: 378
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

acho que no fim, somos igualmente perdidos e cansados - eu e você

Capítulo Único assombrações imaginárias

Eu pensei que eu já tinha te enterrado

Mas acho que não foi tão fundo assim

Sempre volto ao seu túmulo

Rego as flores que plantei

Limpo a poeira

Aparo a grama

Converso com o vento

Piso nas sepulturas ao redor

Só me sinto em casa

Olhando pro seu rosto vivo

Sua risada ecoando

Sua face ficando vermelha

Por alguma atrocidade

Que dissemos

- Ah, que vista!

Você é uma aparição inteligente

Aparece quando estou pensando em você

Nunca romanticamente

Mas está sempre ali

Ao alcance

Cutucando minha costela com espasmos

Arranhando meus pés na cama

Se assentando sobre o travesseiro

Passando de raspão

Pelo canto da minha vista

- Ah, que quase conquista!

Você assovia

Eu sigo o som

Você fala

Eu ouço apenas o bom

Um espírito habilidoso

Que tem o poder de me deixar

Completamente paralisada

Volto pra casa aos soluços

Humilhada, desesperançosa

Que agonia esse nosso enterro

- E nosso avivamento

Dia após dia

Acho que ainda há terra

Embaixo de minhas unhas

Há pele imaginária,

E ossos e arcada dentária

- Que eu queria ter tirado de você.

É como se você fosse

Um desejo póstumo

E eu na verdade,

Fosse um obsessor amigo

Que está ali do lado ouvindo

Rindo, ralhando, acudindo...

Mas suas vestes tão alvas

Seu clubismo santificado

Seu coração intocável

É, acho que você nem me vê

Mas sei que, de alguma forma

Você pega o tabuleiro

E todo seu aparato

E tenta fazer contato...

Por que, por quê?

Não posso ser exorcizada

- Mas você fará isso pela cultura

Não posso ser encaixotada

E jogada no rio

E presa num círculo de sal

Mas você parece querer

Usar aparelhagens de caça fantasmas

E benzer meu rosto rasgado de entidades

Me alimentando com oferendas de paz

Então me perfurando

Bem no coração...

Qual é a sua missão?

Eu caminho por muitos mundos

Mas não me sinto perdida

Eu vago rápido

Como fogo em uma descida

Não sei o que fazer comigo

Queria que você psicografasse

Meu tormento

E abrandasse de alguma forma,

Mas não devo me aproximar

- Ah, que contradição

Faço isso dia sim, dia não

- Pra eu não me acostumar...

Me odeie,

Homenzinho curioso,

Me deteste

Me expulse

Me vomite de sua boca

Sou um espírito zombeteiro

Eu jamais poderia nos dar paz.

❖❖❖
Notas de Rodapé

alguém me mata e me enterra a 7 palmos, por favor

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