ainda não sei expressar...
o que eu planejava
ter sentido,
no fim
fui libertada?
fui uma prisioneira
muito cara,
que preferiram inocentar?
ou será que
você foi um
sequestrador sedutor
com um coração confuso,
que ao perceber que eu
era a vítima errada,
decidiu brutalmente
me desovar na estrada;
e na queda mortalmente
rápida,
perfurei todos os
órgãos existentes
em mim?
me pergunto, sim,
mas com cuidado,
pois ainda não sei
e x a t a m e n te
o que sentir
e não quero desenterrar
nada, nem meus membros
espalhados pelo terreno,
nem os tesouros esquecidos
com os quais te abençoei,
dos quais você
pouco a pouco,
se desfez,
quando sua
doçura se tornou féu
mas, todas as vezes
que me lembro
de que estou
esquecendo seu rosto,
seu pálido e sombrio
montante de ossos,
sua mania extravagante
de perseguir a morte,
então, consigo entender
do por que eu estava algemada,
mesmo com as chaves ao alcance...
mas, é que
na era da insanidade,
demandava muito fugir de madrugada,
desbravar as escadas,
correr em direção à luz,
sem respirar, desesperada,
com minhas cartas amassadas,
escritas na solidão...
era um esforço sobre-humano
admitir que sobre você,
eu estava errada,
para todo mundo que me avisou,
doeria ter de pedir ao segurança
armada de medos até os dentes,
para liberar a saída do complexo.
ele me deixaria passar?
apertaria o botão de abrir,
para essa suicida culposa
que pagou com a alma
só por
muito te amar?
tremendo, eu consegui,
em prantos saí,
e assim,
nunca mais te vi,
e gargalhando em disfarce,
num carro de fuga,
graças a minhas
comparsas esdrúxulas,
fugi, suspirei
e aliviada, sobrevivi.
se automaticamente sobrevivo
a você,
então, a tudo vencerei.
mas, admito ao júri,
que ainda não sei
nem ao menos rasurar
o que eu planejava
ter concluído,
ao essa confissão, começar.