“Por que choras?”
Ele me pergunta.
“Por que se escondes?”
Novamente me pergunta.
†
Não devo responder.
Não posso dizer.
Estou calada.
Ficarei calada.
†
“Por que não me olhas?”
Ele me pergunta.
“Por que sofres?”
Novamente me pergunta.
†
Não devo demonstrar.
Não posso deixar sair.
Vou esconder.
Devo esconder.
†
“Posso lhe dar a felicidade.”
Ele me diz.
“Posso lhe dar o prazer.”
Novamente me diz.
†
Isso é tentador.
Ele é sedutor.
Quero me deixar levar.
Não devo me deixar levar.
†
“Sei por que hesitas.”
Ele me diz.
“Em mim tu não confias.”
Novamente me diz.
†
Isso é assustador.
Porém, continua tentador.
Quero confiar.
Não devo confiar.
†
“Tua vida é repleta de desavenças.”
Ele me diz.
“Em sua memória corre a desconfiança.”
Novamente me diz.
†
Sei que é verdade.
Não devo mentir à tal santidade.
Quero gritar.
Não consigo gritar.
†
“Venha, pegue minha mão.”
Ele me chama.
“Esqueça seu passado.”
Novamente me chama.
†
Pego sua mão.
Por que não?
Quero ir com ele.
Eu vou com ele.
†
Seu sorriso branco
É o último feixe de luz que vejo.
Caio na escuridão profunda.
Agradeço-lhe por dar fim ao meu sofrimento.