o pedestal
6 de Janeiro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 28/05/24 00:51
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 5min
Apreciadores: 2
Comentários: 1
Total de Visualizações: 370
Usuários que Visualizaram: 3
Palavras: 635
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

errei, fui muleka, eu tava só ovulando.

Capítulo Único o pedestal

eu os vejo tentando

adorando minha doce face,

achando minhas risadinhas

e cantorias,

a coisa mais preciosa,

notando cada cacho

que reluz com as luzes

da rua, à noite.

eu os vejo

tentando, tentando,

todo dia, um bom dia

diferentemente

bem intencionado

e assuntos intermináveis...

e então, viciam

no meu beijo,

no meu cheiro,

no meu abraço,

e então,

quando me colocam

na solidão de um pedestal

eu desabo...

e então,

quando as piadas

sarcásticas e melancólicas

começam a se tornar

recorrentes,

eu pouco a pouco,

me calo

e me afasto

consigo notar

o quão apaixonante sou,

o quanto de vida

tenho a oferecer,

o quanto de amor

posso compartilhar.

mas, quando eles tocam

meu rosto

e se aprofundam

no verde do meu olhar,

eu sinto um nó.

quando de repente,

se esquecem

de tudo o que eu disse

e de como eu

almejo ficar só,

então me lembro

de que a paixão fogosa,

a excitação,

a emoção de me ver,

duram apenas nos primeiros dias

se arrastam por uns meses,

e depois,

tudo que vem depois,

vira motivo de dor.

quem eu sou

quando não tento ser sociável?

quem eu sou

quando estou trancada no quarto?

quem eu sou

rodopiando com meus profanos

pensamentos intoleráveis?

eles ainda não sabem,

mas vão odiar saber.

quem eu sou

quando me sinto plenamente

linda, feminina, poderosa, observadora

e desgraçadamente livre demais

para me esforçar um terço

do que antes eu me esforçava?

quem eu sou

quando amo estar

com um deles esta noite

e na próxima, já não sinto mais nada?

quem eu sou

quando deixo tantas

e tantas mensagens

não visualizadas?

"é a correria"

eu digo,

mas geralmente,

nunca é tudo,

e sempre é nada.

"é que estou menstruada",

disse pela oitava vez

na semana,

só para escapar de mais uma

romântica e sensual presepada

isso é feio demais para se dizer

em uma poesia desestruturada?

"vagabunda",

alguns podem concluir,

mas se fosse um homem dizendo,

não seria nem julgado.

antes era eu,

que cedo demais me encantava,

mas quando aprendi os passos

da dança macabra,

quando tirei

as lentes cor-de-rosa,

quando percebi o estilo

do jogo truculento de interesses,

quando vi que é sempre assim,

então automaticamente me vi

não conseguindo sentir

nada mais que a insípida realidade.

hoje eu quero,

amanhã não,

e talvez nunca mais...

eu queria há alguns segundos,

e de repente,

um comentário despretensioso,

faz minha sede secar

"vou dormir",

acabo por digitar.

e eu queria, e eu disse que queria tanto

e posso mesmo ter te esquentado,

mas juro, não era nada demais.

não sou nada demais,

só uma mulher decidida

a não ser a vítima

de mais nenhum

relacionamento quase fatal.

é que é um frio abissal

lá do alto do pedestal,

onde tenho que ser

o reflexo da sua intenção,

o perpetuar da sua paixão,

a que só ri, só goza,

só tem conversas sobre

coisas gostosas,

a que só se veste bem

e se perfuma,

e faz as unhas,

e ouve suas merdas caladinha...

funcionava, quando

eu era mais novinha,

funcionava, para eles,

mas nunca funcionou

pra mim.

eu sou tantas, tantas coisas,

e amo desbravar

todos os sentidos

da solidão e da loucura,

que se você se aprofundasse

só um pouco,

já seria demais pra você.

ninguém pode me consertar

além de mim,

ninguém pode me amar tanto

além de mim,

ninguém pode me compreender,

entender meu rimar

sem meus versos temer,

além de mim.

e eu lutei muito para ser assim,

chorei muito até

conseguir pacificamente morar

dentro de mim,

sei cada uma de minhas

genuínas mazelas,

sei onde cada medo

e ódio se esconde

entre as vielas do meu ser...

eu sozinha

conquistei minha solitude

não espere que eu mude.

eu não sou mulher pra você

pois estou ocupada,

sendo a dos meus

sonhos.

❖❖❖
Notas de Rodapé

e aqui se encerram as confissões

obrigada por ler!

Apreciadores (2)
Comentários (1)
Postado 30/05/24 17:06 Editado 30/05/24 17:08

Muito bonito e complexo, realmente, parece que o amor nao existe, ou pelo menos dura pouco kk eu pelo menos ja desisti, prefiro ficar vendo os filmes, fantasiando, é o que resta

Postado 02/06/24 21:01

Oi Lavander! Fico feliz que tenha gostado <3

Penso que o amor existe, mas as pessoas confundem amor com paixão, com um eterno se apaixonar por alguém irreal, confundem amor com controle, mas o amor existe, e ele é suave, paciente, forte, realista, inconfundível, basta encontrar alguém que também pense assim, que também se disponha, 8 bilhões de pessoas, tem muita gente por aí...

Mas até lá, a gente fica vendo filmes, escrevendo poesias e fantasiando utopias românticas kkkkkk uma hora vem! <3

Outras obras de 6 de Janeiro

Outras obras do gênero Crítica

Outras obras do gênero Drama

Outras obras do gênero Erótico ou Adulto

Outras obras do gênero Poema