É muito cedo pra escrever sobre?
Sobre o buraco de minhoca no qual entramos,
quando as luzes do estacionamento
estavam apagadas,
quando o seu apartamento,
que nem estava tão caótico,
nos recebeu.
Como sua cama bagunçada coube perfeitamente
naquele momento,
no que eu precisava,
como tantas coincidências
colidiram num mesmo lugar?
Meus olhos matadores,
os seus, corajosos;
a força com que balançamos
a cama,
os corpos,
as paredes...
Enquanto nos encharcávamos
com sons etéreos,
com a realidade paralela,
com os beijos envolventes,
as fumaças,
as piadas,
os seus olhares
de felino
a sua boca,
que como mel
escorria para a minha...
Dois grandes corpos se contorcendo,
dois grandes corpos
que se encaixaram
Uma, duas, três vezes
Como você tem uma mente
e um humor quebrado
como eu,
a quantos corações destroçados
já sobrevivemos
até chegar neste nível
de não ligar
e se importar com tudo
ao mesmo tempo?
É sempre perigoso
conhecer alguém tão igual.
É sempre perigoso
fugir do apenas carnal.
Você disse que ia
excluir aplicativos,
e sorriu com uma flama
de confiança,
enquanto eu falava demais
sobre coisas demais
e ria demais
e sorria demais
e queria mais
de você.
Cada vez que você me beijava
e apertava
em seu pequeno
e infinito quarto,
confortável,
descobrimos algo novo...
Que pode nunca se tornar real.