quer ouvir uma coisa engraçada? eu tava relendo as minhas fanfics de dois mil e quinze e pela primeira vez na vida senti vergonha alheia GENUÍNA em relação a mim mesmo. normalmente quando olho para trás na minha vida consigo entender o modo como eu agia (já que vivi tudo aquilo na pele e lembro de forma rasa quais eram os sentimentos), mas FANFICS!, bem, as fanfics que eu escrevia com quinze anos eram só um amontoado de repetições, padrões e esteriótipos de alguém que nunca havia beijado e MUITO MENOS tido um relacionamento amoroso. alguém que lia histórias questionáveis escritas por pessoas que também nunca haviam tido relacionamentos amorosos antes. todas as palavras soam como plástico, sem vida, sem significado. não tem arte nelas, só recorta e cola de uma mente sem experiência. é EXTREMAMENTE esquisito.
tudo que eu sei foi que em algum momento no final da minha adolescência eu olhei para trás e percebi que tinha passado meu ensino médio inteiro doente, deprimido. eu NÃO LEMBRO do que eu sentia, mas alguns títulos originais no meio de uma centena de fanfics me dão algumas dicas de que eu estava BEM mal. infelizmente essas são as únicas dicas de como eu me sentia na época. são palavras frustradas, até irritadas e completamente sem esperança. me pergunto como eu vivi tanto tempo nesse limbo.
atualmente não sei se me sinto melhor. talvez mais consciente, talvez me esforçando mais em ser responsável por mim mesmo. mas MELHOR? talvez consiga me sentir melhor em dias de euforia. infelizmente dias deprimidos ainda parecem muito mais presentes.
mas, voltando ao assunto. tô aqui pra contar como eu escrevia mal! o motivo que me faz ter certeza que na minha adolescência eu estava completamente cego pelo meu ego é que eu nem percebia que minhas palavras não tinham cor. tudo bem que não dá pra comparar a experiência que tenho agora com uma garotinha de quinze anos que até então fazia tudo na vida porque alguém havia mandado. meu primeiro ato de rebeldia foi olhar nos olhos da minha mãe e dizer com confiança que eu sentia que já era maduro suficiente para escrever porno gay (pra anos depois descobrir que nem de sexo eu gosto). well.
sinceramente, eu queria ter orgulho das minhas histórias antigas, porque atualmente tenho várias ideias incríveis, mas minha ansiedade não me permite focar em nada por tempo suficiente para chegar no fim de um raciocínio literário. a quanto tempo eu não finalizo um livro? não faço ideia. mas não consigo gostar da eu ficwritter de dois mil e quinze. decidi apagar todas as histórias vergonhosas, mesmo que exista a possibilidade de alguém ainda gostar delas. talvez, olhando minha biblioteca vazia, eu crie algum tipo de motivação pra preencher as prateleiras com ideias novas, ideias coloridas e únicas, porque atualmente eu sei que sou capaz. mesmo que meus dias deprimidos ainda me impeçam de caminhar e ser responsável por mim mesmo, tecnicamente falando eu sempre fui assim, não é mesmo? a única diferença é que atualmente eu consigo olhar para minhas sombras no espelho e entender um pouquinho melhor quem elas são.
talvez estar me descascando a tanto tempo eventualmente gere algum resultado. e talvez eu possa olhar para essas palavras no futuro e ter orgulho de mim por ter conseguido sobreviver a um momento tão obscuro sem perder a esperança de que um dia eu possa sustentar meu próprio corpo sem sentir tanta dor.