A Casa de Baraquiel
Holzwarth
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 03/01/24 22:43
Gênero(s): Cotidiano
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Palavras: 372
[Texto Divulgado] "Não Pare de Olhar" Uma mulher, isolada em seu apartamento, começa a acreditar que está sendo observada por alguém no prédio em frente. A paranóia começa a crescer levando o limite entre sanidade e loucura se tornar cada vez mais tênue.
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

Depois de 3 anos pensando nisso, finalmente saiu. Participação especial: minha pintura favorita.

Capítulo Único A Casa de Baraquiel

A pintura vermelha com a qual costumava sonhar estava pendurada na casa de dona Cordelia. Havia encontrado o quadro pela primeira vez em maio, quando foi até lá em um dia meio chuvoso, depois da aula. Ela pediu para que esperasse no sofá, pois precisava se certificar de que sua filha, Ágatha, ainda estava no balé, e que o esposo, Hugo, ainda estava no trabalho. Bernardo se sentou, mas o vermelho do quadro o tinha para si antes mesmo que seus olhos pudessem buscar os próprios pés sujos de barro.

— Se chama O grande dia de sua ira. É uma pintura romântica de John Martin que mostra como a humanidade não tem poder sobre a vontade de Deus.

— É bonita — Entre o próprio fôlego, os restos de sua voz faziam-se sussurros fracos. Os passos de dona Cordelia desceram pelos degraus de mármore e, em tempo, contornavam o sofá de veludo escuro.

Sua sombra esticou-se para cima de Bernardo, tocando-o na cabeça e nos cabelos compridos. As mãos, contudo, não o buscaram.

Ainda estava molhado quando subiu ao segundo andar daquela casa enorme, opulenta e vazia. Dona Cordelia o seguia a todo instante rumo ao quarto ao final corredor, abrindo caminho pela penumbra, como se com seu andar pudesse desfazer nos dedos a escuridão ao final da antessala superior, ampla e gelada.

— Ali — E a voz de Cordelia calou a casa.

Ao amanhecer, o céu rasgou-se ao meio. Entre a terra e o firmamento, punha-se o sol dourado, esplendoroso, magnífico como as fitas que prendiam o arranjo de rosas brancas em cima da mesa de jantar, onde se espalhava o banquete de café-da-manhã. A cesta singela de pães, as mangas e as bananas, tudo descansava sob o toque da luz que trespassava os longos vitrais da casa.

Bernardo se sentava na cama do próprio quarto, com olheiras pretas abaixo dos olhos e o coração sussurrando as batidas. Vestia-se com um pijama novo, cheiroso e passado — um presente especial —, embora se sentisse velho, fedido e amassado. Fez menção de sacudir os ombros, de encolhê-los até, mas a porta estalou alto, e ele murmurou para si mesmo:

— Acho que o Diabo veio me buscar.

Mas era só seu primo, João, que havia chegado para visitá-lo.

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Notas de Rodapé

O dia que a Darth_Vox (que Deus a tenha) voltar, meu coração ficará mais calmo. À ela: sinto falta da sua Cordelia, a minha é apenas uma sombra da sua. A minha gosta de pinturas, a sua bebe gim. A sua Luiza é o meu Bernardo. Um brinde (com Gordon's azul) ao mexidão de tristeza, nostalgia e tudo o que não presta.

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