comumente eu me encontro num lugar de solitude. comumente me sinto confortável no silêncio. comumente tenho consciência de que estar sozinho facilita meu desenvolvimento psicológico, uma vez que a presença do outro perto demais me desestabiliza, uma vez que, por conta da instabilidade já citada, me torno hiper consciente da presença de quem se propõe estar do meu lado.

comumente chego a conclusão de que este é um momento em que me propus abraçar a solidão. comumente sei que essa é a escolha certa, uma vez que foi a decisão que tomei.

por vezes esperneio. por vezes aponto dedos para o espelho e me repreendo por ter traçado esse caminho solitário. por vezes tenho imensa pena de mim. por vezes choro-me abandonado, desesperançoso, apavorado em meio ao vazio que eu mesmo projetei para mim mesmo.

por vezes sinto e acredito que tracei a rota errada, mesmo que racionalmente saiba que certo e errado não existem, tudo que existe são as decisões que tomei e portanto, não existindo cores, estou sempre certo em tudo que escolho.

por vezes sinto que nunca mais deixarei a escuridão. normalmente isto me acontece quando como demais, quando não como, quando deixo de dar minha opinião, quando falo demais, quando tomo decisões precipitadas e quando me recuso a agir. mas são momentos. mesmo que eu os sinta se arrastando dentro de mim como a eternidade escura dos meus pesadelos, são momentos esses que não consigo distinguir o que sinto e, portanto, tudo parece errado.

felizmente já me provei por A mais B que esses momentos passam eventualmente. por vezes apenas prestar atenção em minha própria respiração e meditar num limbo de informações sem razão já se mostra suficiente para que esses momentos encontrem seu caminho. talvez eu ainda não encontre uma solução ou um objetivo, mas já sou capaz de estabilizar minimamente.

comumente aprecio a apatia boa da vida. por vezes me desespero com o caos necessário para que, felizmente, ao fim do dia, possa descansar a cabeça no travesseiro e saber com toda certeza que não tenho que faço meu melhor para amenizar toda dor que carrego.

mesmo que reclame da solidão, aquele que responde meus chamados de súplica dentro de mim continua me dizendo que vai chegar o dia em que finalmente entenderei a beleza da solitude.

a beleza de respirar em paz sem preocupações.